A construção da segunda ponte sobre o Rio Paraná, na região das três fronteiras, trará benefícios econômico-sociais, ordenamento de tráfego e mais conforto para os diferentes públicos que fazem diariamente a travessia entre Brasil e Paraguai. A constatação generalizada é que vai representar não apenas um novo ciclo econômico para a região, mas também novos investimentos em segurança na fronteira mais visitada do Brasil.
Para o delegado da Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu, Paulo Bini, a ponte trará maior fluidez no comércio internacional e mais conforto para o turista, porque com ela passará a existir uma separação das funções das duas pontes, já que a segunda será voltada principalmente à travessia de cargas.
Segundo ele, todos sairão ganhando. “Os caminhoneiros brasileiros e paraguaios não precisarão ter um horário fixo para atravessar de um país para o outro e os turistas não vão mais competir com o transporte de cargas”. De acordo com Bini, não há qualquer indício de que a nova ligação venha a favorecer ações ilícitas.
O delegado chefe da Polícia Federal na cidade, Mozart Fuchs, conhece bem o problema da saturação da Ponte da Amizade. “Acompanhei e acompanho as dificuldades de haver uma única ponte ligando com o Paraguai, porque o fluxo é muito intenso”, conta. Ele reconhece que será necessário “uma mobilização maior dos efetivos de fiscalização e policiamento para os registros migratórios e o combate ao
crime organizado”.
Fiscalização
O movimento intenso de turistas na tríplice fronteira facilita a ação de grupos de criminosos, que aproveitam para atravessar drogas, armas, munições e contrabando para o lado brasileiro, não só pela fronteira seca, mas também pelo Rio Paraná. A construção da nova ponte vai contribuir com o aumento da fiscalização, já que contará com novas aduanas e sistemas de controle completos, voltados principalmente para as cargas.
A passagem de pedestres na nova ponte não será problema, já que o número será pequeno em comparação com o da Ponte da Amizade, onde só passarão turistas e moradores a pé, em carros particulares, vans, ônibus e motos, o que vai permitir direcionar a fiscalização para este tipo de público.
O investimento previsto é de R$ 463 milhões, dos quais R$ 323 milhões serão usados na Ponte da Integração e R$ 140 milhões nas obras da Perimetral Leste, ligação entre a nova ponte e a BR-277. Assim como a ponte, a Perimetral também será totalmente custeada pelo lado brasileiro de Itaipu.
Como os caminhões utilizarão rotas diferentes para sair de Foz, diretamente pela Perimetral Leste, também será facilitado o controle das cargas. Isso sem contar a redução de riscos de acidentes no trecho urbano da cidade, utilizado hoje por veículos pesados para acesso à BR-277. Do lado de Foz do Iguaçu, portanto, em vez de diminuir, a segurança na fronteira tende a aumentar, com equipes distribuídas pelas duas pontes, conforme atestam representantes da Polícia e Receita Federal.
Apreensões
Entre as duas pontes, o monitoramento do Rio Paraná será facilitado. A montante (acima) de Itaipu, por onde passa o volume maior de armas, munições, drogas, contrabando e descaminho, a Operação Hórus continuará agindo, sem prazo para acabar e sem pontos fixos. Criada pelo Ministério da Justiça, a operação provocou um prejuízo de R$ 4,5 bilhões para as organizações criminosas em seis meses, com a apreensão de 18,7 milhões de maços de cigarros, 145 veículos, 50 embarcações e 3,6 toneladas de drogas.
Importância
Embora também represente um aumento da segurança em Foz do Iguaçu, já que estará localizada num trecho hoje pouco fiscalizado, o principal objetivo da Ponte da Integração Brasil-Paraguai é o de fomentar ainda mais os negócios entre os dois países e, especialmente, permitir o acesso e a troca de mercadorias entre outros países próximos, como Argentina, Chile e Bolívia, por exemplo. Já a ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta, representará a sonhada ligação entre os oceanos Atlântico (Porto de Santos) e Pacífico, via portos do Chile. Isso também será possível entre o Porto de Paranaguá e Antofagasta, no Chile, futuramente.
“São obras estruturantes apoiadas por Itaipu para garantir o desenvolvimento econômico dos dois países”, diz o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna. Ele lembra que a Ponte da
Integração estará concluída dentro de três anos, mas antes de pronta já atrairá novos investimentos à região, dos dois lados do Rio Paraná. Representará, assim, um novo ciclo de desenvolvimento para os dois países e permitirá a integração socioeconômica de boa parte da América Latina.