Cotidiano

Nova Ferroeste vai consolidar Cascavel como centro logístico

É no município que está instalado o pátio da Ferroeste, linha já existente, de 248 quilômetros de trilhos entre Guarapuava e Cascavel

Ferroeste  - Alessandro Vieira/AEN
Ferroeste - Alessandro Vieira/AEN

Cascavel – A Nova Ferroeste, linha férrea que será implantada pelo governo do Paraná e que vai ligar Maracajú, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, vai consolidar Cascavel e cidades vizinhas em um grande centro logístico. Com o empreendimento, a região receberá cargas do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraguai e Argentina, com destino ao porto paranaense.

O grupo de trabalho do Plano Estadual Ferroviário apresentou aos empresários da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) o resultado do Evtea (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) e do EIA (Estudo de Impacto Ambiental), ambos já finalizados.

Para Genésio Pegoraro, presidente da Acic, os estudos mostram a vocação natural do município como uma rota importante para a circulação de mercadorias vindas de outras regiões, além do volume produzido pelas indústrias do Oeste. “Estamos muito satisfeitos com o avanço do projeto, tínhamos uma previsão de ver a conclusão em quatro anos e em menos de dois os estudos estão finalizados e o projeto praticamente pronto”, disse ele.

Cascavel será uma das cidades mais beneficiadas entre as 49 abrangidas pelo traçado da Nova Ferroeste. É no município que está instalado o pátio da Ferroeste, linha já existente, de 248 quilômetros de trilhos entre Guarapuava e Cascavel.

O coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, destaca que este será o ponto de convergência das cargas vindas de Santa Catarina, do Mato Grosso do Sul, da Argentina e do Paraguai. “A cidade fica numa posição estratégica. Esta região vai ser o hub logístico não só do Paraná, mas dos estados vizinhos, porque todas as cargas de grãos e de proteína animal vão circular ou embarcar por aqui”, explica.

 

Estrutura Logística

Os empresários da Acic destacaram a importância da estrutura logística para o bom desempenho da agroindústria regional. “Nossos índices crescem ano a ano. Essa é uma obra do Paraná, e Cascavel vai ser extremamente beneficiada. A Nova Ferroeste é uma bandeira da Acic”, enfatizou Genésio Pegoraro.

A Nova Ferroeste prevê a ampliação e modernização do atual traçado. Além da ligação entre Maracaju (MS) e o Porto de Paranaguá, também será construído um ramal de Foz do Iguaçu a Cascavel para captar carga do Paraguai e da Argentina. Outro ramal entre Cascavel e Chapecó, em Santa Catarina, foi autorizado recentemente pelo Ministério da Infraestrutura e ainda aguarda a realização de estudo.

O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, apresentou números apontando a importância estratégica de seis estados – três do Sul e três do Centro-Oeste – como grandes produtores nacionais de commodities. Juntos, respondem por 77% dos grãos produzidos no País. Dilvo alertou para o fato de 79 projetos de ferrovias estarem em andamento e apenas um deles contemplando o Sul, justamente o da Nova Ferroeste. “Por isso, precisamos somar forças e posições, porque do contrário, em vez de prosperidade, vamos deixar como legado um cenário de dificuldades às próximas gerações”.

 

Por sua vez, o presidente da Caciopar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná), Flávio Gotardo Furlan, destacou que a união traz conquistas determinantes para a região, principalmente nos últimos anos. “Somos todos Oeste e quanto mais forte a nossa região ele for, melhores serão as oportunidades, a qualidade de vida e o nível de prosperidade que usufruiremos”, afirmou Flávio.

A nova ligação com o porto, com um traçado capaz de superar a Serra do Mar, vai promover um aumento da competitividade, segundo Alci Rotta Júnior, presidente do Codesc (Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel). “Com essa ferrovia poderemos aproveitar o retorno das composições, trazendo fertilizantes, calcário, e isso vai ajudar a reduzir o custo logístico”.

 

Cronograma

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) vai abrir o prazo de 45 dias para os municípios abrangidos pelo traçado pedirem a realização das audiências sobre a Nova Ferroeste. Depois disso o Ibama definirá os locais e as datas em que ocorrerão. Em seguida, serão feitas as visitas técnicas a pontos chave do projeto antes da emissão da Licença Prévia Ambiental.

O projeto da Nova Ferroeste vai a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) no segundo trimestre desse ano. O vencedor vai executar a obra e explorar a estrada de ferro por 70 anos. O investimento estimado é de R$ 29,4 bilhões.

O Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário se reuniu, também nesta quinta-feira, com a diretoria da cooperativa C.Vale, em Palotina. A cooperativa, fundada em 1963, tem 24 mil associados e 179 unidades no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraguai. Com 12.500 funcionários, se destaca na produção de frango, peixe, suíno, soja, milho, mandioca e leite.