Cotidiano

MP quer investigação da conduta de delegado que foi afastado do caso do estupro coletivo

alessandro_thiers_1.jpgRIO – O Ministério Público do Rio pediu a abertura de inquérito para investigar a
conduta do delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a crimes de
Informática (DRCI), que foi o primeiro a assumir o caso de estupro coletivo da
jovem de 16 anos. A informação foi antecipada nesta terça-feira pelo colunista Lauro Jardim,
em seu blog no site do GLOBO
. Thiers foi afastado da investigação, e a
coordenação do inquérito passou para a delegada Cristiana Bento, da Delegacia da
Criança e do Adolescente Vítima (Dcav).

Segundo o promotor Bruno Lavorato, que teve acesso ao depoimento da vítima,
há indícios de que Thiers praticou o crime de submeter criança ou adolescente
sob a sua autoridade a vexame ou constrangimento. O pedido do MP foi feito no
plantão judicial do fim de semana e ainda será analisado pela Justiça. Se for
comprovado o crime, o delegado pode ser condenado a uma pena de até dois anos de
prisão. Estupro – 31/05

Em entrevistas, a jovem contou que se sentiu
desrespeitada quando o delegado perguntou se ela ?gostava de fazer sexo com
vários homens?. Ela disse ainda que ficou constrangida ao relatar os detalhes do
estupro na presença de outros três homens numa sala envidraçada, de onde se via
quem passava do lado de fora, inclusive, um dos acusados do crime.

NOIVA ASSISTIU A DEPOIMENTO

A adolescente disse a autoridades que a noiva de Thiers
também estava na sala no dia em que foi prestar depoimento na sede da DRCI.
Segundo a jovem, a mulher fazia carinho no delegado durante o registro da
ocorrência. A Polícia Civil informou que só vai se pronunciar quando for
notificada sobre esse fato.

Assim que assumiu o caso, Thiers disse que ainda não
tinha indícios suficientes para provar o estupro. Diante de sua postura, a
defesa da vítima pediu o afastamento do delegado. Ao assumir a investigação, a
delegada Cristiana Bento provocou uma reviravolta no caso. Ela foi taxativa ao
afirmar que houve estupro coletivo e pediu imediatamente a prisão de seis
suspeitos. A delegada busca, agora, provar quantas pessoas estão envolvidas no
crime e qual foi a participação de cada uma delas. Na opinião de Cristiana, o
vídeo e o depoimento da vítima comprovam o abuso sexual.

Antes da mudança de comando, as investigações apontavam apenas indícios de
que a adolescente tinha sido violentada. Nenhum suspeito de participação no
estupro também havia sido preso, mesmo após um deles confessar que divulgara o
vídeo em que a jovem aparece desacordada e nua.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, informou anteontem que Alessandro
Thiers foi afastado do caso porque seu nível de estresse estava prejudicando o
andamento da investigação. Ele negou, no entanto, que a apuração tenha mudado de
direção com a troca de delegacias.

PM BUSCA FORAGIDOS

Também foi divulgada anteontem uma conversa no WhatsApp de Thiers em que ele
desqualifica o depoimento da jovem de 16 anos. Segundo ele, a vítima teria tido
uma relação sexual consentida com apenas uma pessoa e que o “único crime seria a
divulgação do vídeo”. Veloso disse, porém, que o delegado negou ter escrito
essas mensagens.

A delegada determinou que as buscas pelos quatro foragidos continuem.
Policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda), com o apoio do 2º Comando de
Policiamento de Área, fizeram novas buscas. Ontem, pelo quarto dia consecutivo,
a PM fez uma incursão no Morro da Barão, na Praça Seca, onde ocorreu o
estupro.

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