Cotidiano

Leitores aprovam edição histórica do GLOBO sobre impeachment

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RIO ? Foram mais de 20 horas de uma maratona na Redação e nas sucursais de Brasília e São Paulo, na histórica cobertura da votação no Senado que afastou a presidente Dilma Rousseff. A sessão, que entrou pela madrugada e só terminou após o raiar do dia 12 de maio, também trouxe um dilema: até quando o jornal esperaria para concluir sua edição e entregá-la aos leitores? A opção do GLOBO, de entregar os exemplares mais tarde nas bancas e aos assinantes, mas com o resultado da votação histórica, foi aprovada. Pesquisa realizada pela internet com 694 leitores mostrou que 69% concordaram com a decisão tomada pelo jornal.

? Foi uma decisão difícil, mas estávamos tratando de um caso único, histórico. Tínhamos certeza que o leitor entenderia nosso gesto e concordaria com ele ? afirma Ascânio Seleme, diretor de Redação do GLOBO.

Os leitores foram avisados do atraso excepcional com antecedência. Segundo o levantamento, 74% disseram ter recebido o aviso. Para o diretor executivo da Infoglobo Maurício Lima, o reconhecimento dos leitores foi positivo.

? O resultado mostra que o leitor do GLOBO compreendeu a dimensão histórica da nossa decisão. Houve um brutal esforço da Redação e de toda a logística da empresa para valorizar a edição impressa, evitando que o jornal já amanhecesse velho ? destacou.

MAIS DE CEM PROFISSIONAIS

O esforço fez com que chegasse aos leitores uma edição atualizada e contextualizada. Foram mais de cem profissionais envolvidos na cobertura do impeachment. O jornal teve 42 páginas dedicadas somente ao assunto que mobilizou o país.

Além do resultado da votação e sua repercussão, foram 16 reportagens especiais. Vinte e um colunistas e articulistas analisaram o dia histórico. O GLOBO também trouxe uma edição das charges de Chico Caruso sobre o período de Dilma na Presidência.

Aluizio Maranhão, editor de opinião do GLOBO, afirma que a edição histórica o fez lembrar da época dos jornais vespertinos:

? O que o GLOBO fez foi voltar a uma tradição de seu início. Na verdade, do início de quase todos os jornais, que tinham edições vespertinas até meados do século passado. Algo que, com o tempo, com o próprio crescimento das cidades, foi se tornando inviável.

Maranhão diz ainda que a edição lembra o caso da notícia do suicídio do presidente Getúlio Vargas, ocorrido durante a madrugada, no dia 24 de agosto de 1954, que forçou o GLOBO a fazer uma edição extra. Nos dias atuais, com o advento da internet, o editor de opinião reforça que fazer o jornal chegar mais tarde aos leitores foi a decisão correta, no histórico dia da votação da admissibilidade do impeachment no Senado.

? Desta vez, pela importância da notícia (o segundo processo de impeachment da História), que se estendeu até 6h30m da manhã, e com o quadro que temos atualmente da notícia em tempo real na internet, só havia duas opções: ou não rodar o jornal, impensável num veículo de circulação diária, ou entregá-lo mais tarde. A aprovação dos leitores ratificou que a decisão tomada foi a correta. O GLOBO chegou com uma edição completa, contextualizada.