BUENOS AIRES – A ex-presidente argentina Cristina Kirchner voltou a ser alvo da Justiça nesta sexta-feira. Apenas um mês após chamá-la para prestar depoimento, o juiz Claudio Bonadio abriu processo contra ela num caso no qual a ex-mandatária é investigada por suposta associação ilícita que provocou prejuízo estimado em 27 bilhões de pesos (quase R$ 7 bilhões) ao país por irregularidades em operações de venda de dólar futuro através do Banco Central. maximo kirchner
Segundo Bonadio, as operações do BC que levaram ao prejuízo durante os últimos anos do governo de Cristina não poderiam ter sido concretizadas sem aval do Ministério da Economia e do Executivo. O ex-ministro Axel Kicillof, hoje deputado, também foi processado, assim como o então chefe do BC, Alejandro Vanoli.
O juiz, antigo desafeto da família Kirchner, ratificou acusações de promotores e denunciantes afirmando que houve suposta fraude na venda de dólares a futuro com um preço mais baixo do que o estipulado, o que acabou obrigando o Estado a pagar uma grande difeença aos consumidores quando o peso se desvalorizou posteriormente.
Em abril, a ex-chefe de Estado saiu da reclusão no Sul do país e entregou nos tribunais de Buenos Aires uma declaração por escrito para se defender. Depois, se reuniu com militantes num ato, no qual atacou a Justiça, a mídia, o governo Mauricio Macri e propôs a criação de uma ?Frente Cidadã?, projeto que poderia ter como objetivo uma candidatura nas eleições legislativas de 2017.
? Podem me intimar 20 vezes, podem me prender, mas não vão me calar ? enfatizou.
Cristina é ainda investigada em uma série de outros casos, envolvendo negociações escusas com sócios durante seu governo. A ex-presidente e seu filho, Máximo, foram acusados formalmente de aceitação de subornos em atividades criminosas investigadas no caso Los Sauces ? no qual ela é alvo de pedidos de investigação por supostamente receber propina dos empresários Lázaro Báez, preso há mais de um mês por suposta lavagem de dinheiro, e Cristóbal López, vencedores de várias licitações de obras públicas. O promotor Carlos Rívolo ampliou as acusações que levaram ao indiciamento da ex-mandatária, que é investigada por crescimento injustificado do patrimônio da família com o caso no entorno.
? Nos parece necessário que o juiz (Claudio) Bonadio investigue o delito, mais conhecido como suborno. O retorno era feito por transações milionárias. É oportuna e necessária a eventual declaração (de Cristina sobre o caso). É uma causa similar à Hotesur (na qual Cristina é investigada por fatos semelhantes) ? disse a deputada Margarita Stolbizer, que fez a denúncia acolhida na Justiça federal.
Já na Hotesur, o juiz Sebastián Casanello mandou prender o empresário Lázaro Báez, sócio dos Kirchner, e está investigando o envolvimento da ex-família presidencial. O promotor Guillermo Marijuán mandou vasculhar propriedades dele em busca de dinheiro escondido.