Cascavel, no Oeste do Paraná, recebeu nesta quarta-feira (23) a comitiva do governo federal que está no Paraná para uma série de visitas técnicas a fim de avaliar o projeto da Nova Ferroeste. Em encontro com cooperativistas, foi abordado o desempenho da linha férrea já existente (a Ferroeste) e o impacto que a nova nova ferrovia terá sobre a competitividade do setor produtivo da região.
Proposta pelo Governo do Paraná, a Nova Ferroeste ligará Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, com grande parte do traçado cortando o Oeste. Atualmente, o projeto está em fase de elaboração dos estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e jurídica.
Cascavel foi o terceiro compromisso da agenda da comitiva federal, que começou na terça-feira, em Paranaguá, e na quarta também em Curitiba. A equipe do Ministério da Infraestrutura e representantes do Plano Estadual Ferroviário sobrevoaram os trechos de passagem da nova estrada de ferro e visitaram a estrutura do atual terminal.
“Viemos conhecer como vai ser esse novo traçado e quais são os pontos que têm interconexão com a malha já existente, quais são os problemas e as questões mais relevantes”, declarou Marcos Félix, assessor especial do Ministério da Infraestrutura.
O grupo conheceu a Ferroeste, que já liga o trecho de Cascavel a Guarapuava, e se reuniu com dirigentes de cooperativas que transportam cargas por esta via. As cooperativas Lar, Coopavel, C.Vale e Frimesa enviam ao Porto de Paranaguá, pela Ferroste, 3 milhões de toneladas de produtos todos os anos.
“O que precisamos é de uma estrutura logística que dê condições de competitividade”, destacou o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. “Não temos outra saída. Precisamos escoar pelo modal rodoviário ou ferroviário. Mas a grande carga precisa escoar por uma ferrovia”.
Principal produtor de soja do Paraná, Cascavel será o hub logístico da Nova Ferroeste. A previsão, de acordo com os estudos preliminares de traçado e demanda, é que o terminal de transbordo já instalado na cidade conecte os ramais do Mato Grosso do Sul e de Foz do Iguaçu.
NOVA MALHA – A Nova Ferroeste, como é conhecida, vai ligar o Mato Grosso do Sul e Paraná, dando origem a um dos mais importantes corredores de exportação do País. A nova malha ferroviária terá 1.285 km de extensão e a estimativa de investimentos é de em R$ 25 bilhões. Quando concluído, será o segundo maior corredor de exportação de grãos e contêineres refrigerados do país.
Para o Coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, é necessária uma estrutura logística mais eficiente para diminuir os custos e aumentar a competitividade do setor produtivo. “Não adianta a gente ser eficiente somente da porteira para dentro, precisamos ser eficientes também da porteira para fora”, afirmou Fagundes.
O projeto inclui a desestatização da Ferroeste e a revitalização do atual trecho ferroviário, além da construção de um novo traçado entre Guarapuava e Paranaguá e de um ramal multimodal entre Cascavel e Foz do Iguaçu.
A implantação da nova via férrea permitirá o escoamento de grãos vindos do Paraguai e do Mato Grosso do Sul, além de proteína animal e grão do Oeste do Paraná. “Esse é um grande corredor, com grande potencial para o desenvolvimento dessas regiões”, acrescentou Marcos Félix.
“Passamos a ser uma solução nacional. Sem a participação do governo federal isso seria muito mais difícil. Essa parceria está sendo muito produtiva”, completou Fagundes.
TEMPO E AGILIDADE – Pelos trilhos do Corredor Oeste de Exportação, estima-se que devam passar cerca de 38 milhões de toneladas no primeiro ano de operação da Nova Ferroeste. Com os investimentos sendo realizados no Porto de Paranaguá, o eixo potencializa a redução dos custos de exportação em 28%, refletindo na elevação da produtividade e competitividade do setor produtivo.
Atualmente, uma viagem de caminhão de Cascavel à Paranaguá leva em torno de uma semana. O novo projeto prevê que a viagem feita pelo modal ferroviário deve durar em torno de 20 horas.
Após finalizadas todas as fases do projeto, como os estudos de viabilidade e os estudos de impactos ambientais, será lançado o edital para encaminhar o projeto ao leilão da concessão. O Governo do Estado estima que o projeto vá para a Bolsa de Valores do Brasil (B3) no início de 2022.
AGENDA – A comitiva segue com as visitas técnicas ao longo da semana. Nesta quinta-feira (24), será a vez de conhecerem a nova planta da Frimesa, em Assis Chateaubriand. À tarde o grupo segue para de Foz do Iguaçu, onde visita a obra da nova ponte entre o Brasil e o Paraguai.