Mãe e filha, Ivete Dillenburg Giovanella e Larissa são engenheiras em Cascavel, com atuação no oeste paranaense. A relação das duas transpassa os laços consanguíneos e se firma com o companheirismo de trabalho: “Minha primeira formação é na Engenharia Agrícola, em 1987, mas sempre atuei na área urbana. Em 2003 me formei engenheira civil. Minha paixão é construir o sonho das pessoas, fazer projetos de vida, porque construir uma casa é realizar um sonho e agora, quando olho para o lado e vejo a Larissa, meu coração se enche de orgulho por ela fazer parte disso também”, conta a mãe orgulhosa.
Já para Larissa, trabalhar com a mãe é como ter uma professora quase que em tempo integral. “É excelente ter a mãe engenheira, pois ela quase sempre tem as respostas, não só para as questões pessoais, mas para as minhas dúvidas de engenharia”. Mas também tem o lado “ruim”: “A cobrança também é maior com um professor te ensinando quase que o tempo todo. Por isso não é aceitável cometer erros”.
Machismo
Até pouco tempo, canteiro de obras era um ambiente predominantemente masculino. Assim como em quase todos os campos profissionais, elas foram ocupando espaço e hoje já fazem parte do cenário. “Mesmo antes de me formar, eu já acompanhava minha mãe nas obras e nunca percebi diferença no tratamento com os trabalhadores por ser mulher. Talvez porque na época os trabalhadores já estavam acostumados com uma figura feminina. E, após me formar, dentre várias equipes diferentes, em uma vez percebi um pouco rispidez do responsável pela obra quando eu cheguei, no primeiro dia, por eu ser nova, recém-formada e mulher. Mas essas percepções logo foram derrubadas e o comportamento dele mudou totalmente. Nunca mais aconteceu”, assegura Larissa.
Crescimento
Enedina Alves Marques, natural de Curitiba, foi a primeira negra no Brasil a se formar em Engenharia e a primeira mulher a ter essa graduação no Paraná. Ela se graduou em Engenheira Civil em 1945 e viu o número de mulheres se multiplicar desde então.
Segundo o Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná), o número de engenheiras vem crescendo gradativamente no Estado e isso reflete nas regionais da autarquia. Se em 2010 o Paraná tinha 7.768 profissionais em várias modalidades de engenharia registradas no Crea-PR, em 2015 esse contingente já era de 10.487 profissionais, chegando a 11.560 ano passado 2018, crescimento de cerca de 50% em oito anos.
No oeste paranaense, a expansão foi ainda maior. Na Regional de Cascavel, em 2010, esse número era de 590 profissionais, alcançando 867 em 2015 e fechando o ano de 2018 com 1.182 profissionais.
“O mercado de trabalho vem aceitando cada vez melhor a presença da mulher na engenharia, e isso é fruto da competência, da qualificação e da liderança delas, mérito dos resultados e dos efeitos positivos daquilo a que elas se propõem a fazer na engenharia”, avalia o engenheiro civil Geraldo Canci, gerente da regional do Crea-PR em Cascavel.
Há dois anos o Crea-PR conta com o Comitê Mulheres, que visa fomentar o aumento da participação feminina nas decisões e em tudo o que envolve o sistema Confea/Crea e as profissões da Engenharia, Agronomia e Geociências.