Cotidiano

Em rara entrevista, Bob Dylan diz não estar sendo saudosista em novo disco de standards

RIO ? Bob Dylan se abriu sobre sua música e falou sobre sua relação com a obra de Frank Sinatra e Elvis Presley, além de seu apreço por Amy Winehouse, em uma rara entrevista. A matéria foi publicada com exclusividade em seu site oficial, na última quarta-feira. No próximo dia 31, o músico lança “Triplicate”, mais um álbum dedicado aos standards da música americana.

Em uma sessão de perguntas e respostas com o autor Bill Flanagan, Dylan disse que o disco TRIPLO, terceiro do tipo que lança nos últimos anos (além de “Triplicate”, ele lançou “Shadows in the night” em 2015 e “Fallen angels” em 2016) não significa que ele tenha “saudades do passado”. Para o novo disco, o músico regravou clássicos como “Stormy weather” e “As time goes by”.

?Estas canções são algumas das coisas mais dolorosas já colocadas em um disco e quis fazer justiça a elas. Agora que as vivi e vivi através delas, entendo-as melhor?, disse Dylan, de 75 anos. ?Não é uma viagem às memórias ou anseio ou saudades dos bons velhos dias ou das boas memórias do que já não existe mais?, garantiu.

Perguntado sobre o que os fãs pensam de álbuns de covers, Dylan disse: ?Estas canções são para o homem na rua, o homem comum, a pessoa cotidiana. Talvez seja um fã de Bob Dylan, talvez não, eu não sei?.

Na entrevist,a que abrangeu vários temas, Dylan também contou que era fã de Amy Winehouse (“ela foi a última artista original, gostei do último disco dela”) e que gosta de bandas como Stereophonics. Dylan também revelou ser um fã da série “I love Lucy”, que assiste “o tempo todo, sem parar” quando está entre uma parada e outra de suas turnês.

O músico lembrou ainda sua tentativa fracassada (ao lado de George Harrison) de gravar com Elvis Presley, (?Ele (Elvis) apareceu; nós que não aparecemos?); e o poder do início do rock and roll, (?rock and roll era uma arma perigosa, cromada, explodiu como a velocidade da luz, isto refletiu os tempos, e especialmente a presença da bomba atômica, que precedeu isto em diversos anos?).

Dylan também falou sobre a perda de colegas músicos como Leonard Cohen, Leon Russell e Merle Haggard, que morreram no ano passado. ?Éramos como irmãos, vivíamos na mesma rua e todos deixaram espaços vazios onde costumavam ficar. É solitário sem eles?, disse.

Não foi feita menção ao prêmio Nobel de literatura de Dylan e à sua não participação na cerimônia anual de premiação na Suécia. Dylan deve se apresentar na Suécia na próxima semana como parte de uma turnê europeia.