BRASÍLIA – O presidente Michel Temer não comentou os protestos em mais de 20 capitais contra a reforma da Previdência, mas defendeu a “urgência” da reforma, e voltou a dizer que se não houver mudanças nas aposentadorias o Brasil poderá ter sérios problemas fiscais como o estado do Rio ou até a Grécia.
? Não podemos fazer uma coisa modestíssima. Ou daqui a quatro e cinco anos temos de fazer como Portugal, Espanha e Grécia ? disse Temer em discurso durante evento do Sebrae e do Banco do Brasil, completando:
? Nós apresentamos um caminho para salvar a Previdência do colapso, para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã. Isso parece ser coisa “será que é para tirar direitos de pessoas?”. Em primeiro lugar, não vai tirar direito de ninguém. Quem tem direito já adquirido, ainda que esteja no trabalho não vai perder nada do que tem ? disse Temer.
Ele também mencionou a crise financeira nos estados do Rio, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. A reforma da Previdência, disse, terá “uma ou outra” alteração. Desde a semana passada, o tom das falas de Temer sobre a reforma tem mudado. Até então, ele criticava a resistência ao projeto.
Enquanto Temer defendeu a reforma da Previdência, a cerimônia divulgava o programa Senhor Orientador, em que bancários aposentados farão consultoria para micro e pequenos empresários até o fim de 2018. Pelo projeto, os consultores têm de ter acima de 60 anos, e uma década de experiência em crédito para pessoa jurídica. Na reforma da Previdência enviada ao Congresso, o governo propôs 65 anos para a idade mínima de aposentadoria.
Apesar de não comentar os protestos em mais de 20 capitais contra a reforma previdenciária ou a divulgação parcial da lista de Janot ? com pedidos de inquérito para cinco ministros do governo, inclusive os palacianos Eliseu Padilha e Moreira Franco ?, o presidente Michel Temer disse que a sociedade brasileira vai entendendo “pouco a pouco” o apoio ao governo.
? A sociedade brasileira, pouco a pouco, vai entendendo que é preciso dar apoio a este caminho para colocar o país nos trilhos ? disse, enfatizando que a gestão tem pouco tempo de mandato e precisa de suporte popular para a necessidade “urgente”.
Com dez meses, o governo patina na popularidade. A reprovação aumentou sete pontos percentuais de outubro para fevereiro, segundo pesquisa realizada pelo instituto MDA por encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). No total dos entrevistados, 10% avaliam o governo como positivo (contra 15% no levantamento anterior).
Segundo o Ibope, em pesquisas de julho a outubro, o percentual da população que classifica o governo Temer de “ótimo” e “bom” subiu somente um ponto: de 13% para 14%.