Cotidiano

"Deixa pra Lá": Brigas e morte reforçam combate à violência em Cascavel

"Deixa pra Lá": Brigas e morte reforçam combate à violência em Cascavel

Cascavel – No fim do mês passado foi lançada em Cascavel a campanha “Deixa pra Lá – Tem alguém que te espera”, que busca promover a paz, sendo contra todo tipo de violência, na promoção da vida. A campanha é promovida pela a 5ª 16ª Promotoria do Ministério Público de Cascavel, que em 2022 lançou a “Campanha Conte Até 10”, depois de vários fatos violentos que deixaram a sociedade consternada, com a mesma finalidade: paz!

Neste fim de semana um caso típico da falta de tolerância acabou chamando a atenção da sociedade, na contramão da campanha, evidenciando a falta de empatia para com o próximo. Um jovem de 22 anos acabou se envolvendo em uma briga generalizada em um bar na Rua Cuiabá, no Bairro Alto Alegre, e acabou perdendo a vida. O acusado do crime é um guarda municipal de 34 anos que estava no local e tentou separar a briga, mas entrou em luta corporal e acabou sacando a arma e atingindo o jovem que morreu no local.

De acordo com o promotor de Justiça, Alex Fadel, a ideia é manter a campanha de forma permanente para conscientizar as pessoas em relação a necessidade de ter mais paciência, tolerância e empatia, para evitar este tipo de situação. Ele destacou que, muitas vezes, o planejado durante o dia não dá certo, mas que é preciso saber lidar com a situação que um pequeno problema pode acabar virando um grande.

“Você pode matar alguém, machucar alguém ou ser machucado, machucar alguém da sua família. Então, a ideia do ‘Deixa pra lá’ é justamente conscientizar as pessoas com relação a paciência. A gente não pode controlar o que acontece com outra pessoa que pode estar em um mau dia, desatenta de alguma razão, um acidente de trânsito, uma palavra mal dita, mal colocada. É uma campanha de paciência e tolerância entre a comunidade de Cascavel”, disse Fadel, quando do lançamento da campanha.

A campanha promove essa reflexão de não se deixar levar pelo calor do momento, por rompantes que podem comprometer e “condenar” o futuro. A violência só gera sofrimento e o resultado pode ser o fim da vida de alguém.

Briga e morte

O caso aconteceu na manhã de domingo (9) após uma briga generalizada na Rua Cuiabá, Bairro Alto Alegre, próximo a uma casa noturna. Mateus da Silva Mariano levou um tiro na cabeça, chegou a ser socorrido, mas morreu no local. A reportagem do Jornal O Paraná conversou com o irmão de Mateus que disse que a família ficou sabendo da morte logo após a briga por um telefone e que não esperava isso, que esperava que “ele voltasse para a casa”.

O secretário municipal de Segurança Pública de Cascavel, Pedro Fernandes de Oliveira, que acumula longa experiência atuando como delegado de Polícia Civil e que acompanhou o caso desde o começo, já que o acusado do crime é guarda municipal, disse à reportagem que o servidor sempre apresentou uma boa conduta e não tem, antes desse fato, nenhuma outra situação que o desabone ou processo administrativo. Ele entrou na corporação na penúltima turma que assumiu o concurso municipal e relatou que estaria no local com amigos.

Fernandes esclareceu que os guardas municipais “podem e devem” andar armados, mas a legislação proíbe a utilização da arma em serviços para “terceiros”. Segundo o secretário, a legislação municipal deixa claro que todos os guardas são pessoas da segurança pública 24 horas por dia e que presenciando algum fato, tem a obrigação de atuar e zelar pela vida.

Em liberdade

Conforme Fernandes, assim que ocorreu o fato o guarda municipal informou os fatos a Secretaria Segurança Pública e apresentou-se à Delegacia da Polícia Civil, quando entregou a arma que estava portando e declarou que atirou para se defender, já que a princípio teria tentando separar a briga, mas foi atingido por Mateus com diversos golpes no rosto, inclusive com uma garrafa. O servidor está respondendo ao processo em liberdade até que a Polícia Civil esclareça os fatos com ajuda de possíveis imagens de câmeras de segurança e mais testemunhas sejam ouvidas.

Também foi instaurado processo administrativo na Guarda Municipal para apurar a responsabilidade do caso e, enquanto isso, o servidor foi afastado das suas funções. “Ele não ficou detido porque como ele se entregou; se pressupõe que o acusado não vá fugir e nesses casos, responde ao processo em liberdade até que a Polícia Civil investigue o caso”, salientou o secretário. A Guarda Municipal tem atualmente 137 guardas municipais atuantes.

Desde fevereiro deste ano, uma portaria publicada em Diário Oficial reforçou que os guardas municipais são proibidos de utilizar as armas de fogo fora de horário de expediente. O delegado de homicídios da Polícia Civil, Fabiano Mozza, falou com a imprensa, ontem (10), reforçando que a expectativa é que todos os detalhes do crime sejam esclarecidos rapidamente.

Foto: Arquivo Secom