Cotidiano

Crise hídrica: Volume de chuva é o menor em 6 anos

Para amenizar o risco, é necessário que ocorram chuvas calmas e mais constantes, o que possibilita a infiltração na terra e a recarga dos mananciais. Só que não se sabe ainda quando isso irá acontecer.

Crise hídrica: Volume de chuva é o menor em 6 anos

Cascavel – A situação hídrica da região acumula déficit desde o ano passado, com rodízio no abastecimento urbano e deixou o Lago Municipal de Cascavel irreconhecível. Agora, o rodízio, que já é realidade em algumas cidades da região, volta a ser ameaça a Cascavel.

Segundo a Sanepar, o acumulado de chuva nos três meses de 2020 é de 321 milímetros, o mais baixo dos últimos seis anos, e agrava o problema de 2019, que deixou quase mil milímetros abaixo do ideal. Em resumo: a situação é crítica.

Para amenizar o risco, é necessário que ocorram chuvas calmas e mais constantes, o que possibilita a infiltração na terra e a recarga dos mananciais. Só que não se sabe ainda quando isso irá acontecer.

Em Cascavel, os rios que abastecem a cidade estão com a vazão reduzida em mais de 20%. Os poços ainda não se recuperaram da estiagem do ano passado e a Sanepar está utilizando novamente a água do Lago Municipal para auxiliar no abastecimento.

Além disso, o consumo aumentou em relação ao mesmo período do ano passado. A média diária de 65 milhões de litros subiu para quase 71 milhões neste ano. E a Sanepar não descarta a retomada dos rodízios na cidade.

Sem água

Nesta terça-feira (31) não haverá distribuição de água em Cascavel. Trabalhos elétricos serão executados nas obras de ampliação do sistema de abastecimento e implantação da captação de água do Rio São José. Os trabalhos começam às 7h15 e devem se estender até as 15h.

Durante esse período ficarão paralisadas as captações de água dos Rios Cascavel, Saltinho e Peroba e também as duas estações de tratamento de água da cidade. A retomada do sistema será às 15h e a previsão é de que o abastecimento comece a ser normalizado na madrugada da quarta-feira (1º).

Dependendo do consumo e dos volumes de água armazenados, é possível que a normalização de todo o sistema leve até três dias. Por isso, a Sanepar afirma que é imprescindível que todos economizem água, priorizando seu uso na alimentação e na higiene pessoal.

Outras cidades

Medianeira convive com rodízio no fornecimento de água há mais de um mês. Moradores relatam que chegam a ficar até seis dias sem água, especialmente na parte mais alta da cidade. Lá, o Rio Alegria e os poços apresentam redução de mais de 40%. Caminhões-pipa captam água em cidades vizinhas para auxiliar no abastecimento.

Em Cafelândia, foi necessário o alargamento do poço e a instalação de bombas mais potentes para dar conta da demanda.

Em Campo Bonito e Santo Izidoro e Ibiracema, que são distritos de Três Barras do Paraná, e Santa Maria, distrito de Santa Tereza do Oeste, o abastecimento está sendo complementado com caminhões-pipa.

A situação está no limite em Santa Lúcia, Lindoeste, Santa Tereza do Oeste e no Distrito de Mato Queimado, em Guaraniaçu.

Cataratas do Iguaçu

A falta de chuva também mudou drasticamente o visual das Cataratas do Iguaçu. Nessa segunda-feira (30), a vazão era de 199 mil litros por segundo, apenas 13% da vazão normal que seria de 1,5 milhão de litros por segundo. Nesse caso, o problema é a redução do Rio Iguaçu, que corta o Paraná de leste a oeste, abastecendo seis usinas hidrelétricas.

Usinas hidrelétricas: Copel garante fornecimento de luz

Diante da baixa vazão dos rios, a reportagem questionou a Copel sobre monitoramento da situação e possíveis complicações sobre a produção e geração de energia. A companhia garantiu que não deve haver problemas no fornecimento de energia elétrica, pois a geração das usinas segue a programação do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que leva em consideração a situação dos reservatórios das hidrelétricas e a disponibilidade de outras fontes de energia em todo o País.

“Usinas térmicas foram acionadas, a geração de energia nas hidrelétricas do Sul foi reduzida e passamos a receber mais energia da Região Sudeste, por isso o País está em uma situação segura. O Brasil conta com um sistema interligado nacional de geração e transmissão de energia para garantir o suprimento em todo o País, mesmo em situações como essa, de estiagem prolongada em uma das regiões. Aliado à redução do consumo registrada nas últimas semanas devido ao isolamento social e à paralisação de atividades de empresas de diversos setores”, respondeu a Copel, em nota.

Volume de chuva registrado em Cascavel no primeiro trimestre

Chuvas devem normalizar no outono

De acordo com o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), o outono deve ser de chuvas mais regulares. “A estação deve ter chuvas próximas à média, que é de 120 a 140 milímetros por mês. As temperaturas também devem ficar próximas da média histórica, com mínimas entre 12º e 16ºC e máximas entre 22º e 27ºC”, explica o meteorologista Samuel Braun.

Para esta semana está prevista chuva na quinta-feira (2) na região de Cascavel. O acumulado deve ser próximo de 10 milímetros. “Uma frente fria passa pela região e acaba causando essa chuva. Logo depois teremos uma queda nas temperaturas, especialmente na sexta e no sábado, causada pela passagem de um ar mais gelado após a frente fria, o que é bem comum. Mas no início da próxima semana as temperaturas já voltam a ficar mais elevadas”, explica Samuel.