Cascavel – As mais altas temperaturas da história registradas nos últimos dias no Paraná fizeram o consumo de água também atingir números recordes na região oeste e agravou o risco de implantação de rodízio no abastecimento urbano.
De acordo com a Sanepar, a maioria das cidades da região teve recorde de consumo. Em Cascavel, o consumo no fim de semana chegou a 76 milhões de litros por dia, quando a média para o período é de 66 milhões de litros dia, aumento de 15%.
Em Toledo e Cafelândia foi registrado o maior consumo dos últimos quatro anos: 16% e 20% de aumento, respectivamente. Já em Foz do Iguaçu, o aumento no consumo chegou a 12% e, em Medianeira, que está em alerta de rodízio, o consumo subiu 9%.
Em Medianeira, a companhia informa que tem previsão de conseguir atender mais uma semana sem rodízio. Em outras cidades, como Santa Tereza do Oeste, tem sido necessário complementar o abastecimento com caminhões-pipa nos fins de semana e nos dias de maior consumo.
Além de Santa Tereza, a Sanepar tem enviado caminhões-pipa em alguns dias da semana para Anahy, Campo Bonito e Lindoeste.
Níveis dos rios
As altas temperaturas e a falta de chuva reduziram ainda mais os níveis dos rios, que estavam 15% abaixo do normal e agora estão 30% abaixo. Com isso, a Sanepar precisou abrir em mais 30% o registro do Lago Municipal de Cascavel para captação, chegando a 70%.
Rodízio é avaliado
A Sanepar informa que, de imediato, não deve implantar o rodízio, mas adianta que o plano de aplicação está pronto e que o sistema tem sido avaliado dia a dia.
As equipes analisam o consumo do dia anterior e os níveis dos reservatórios. Se os níveis continuarem como estão e o consumo se mantiver alto, é possível que nos próximos dias seja anunciado novo rodízio no abastecimento.
Recordes em todo o Paraná
O calorão elevou o consumo de água em todo o Estado e demandou produções recordes da Sanepar. Em muitos sistemas, mesmo a produção 24 horas por dia não foi suficiente para atender a população, principalmente onde a estiagem reduziu a vazão de poços e rios.
O aumento no consumo de água foi até 20% maior em algumas localidades, como Maringá, no norte do Estado, que produziu 103 milhões de litros na sexta-feira. Em dias normais, a produção é de 86,4 milhões de litros/dia. A cidade tem registrado temperaturas máximas em torno de 40ºC nos últimos dias.
Em Londrina, o calor também provocou aumento recorde no consumo de água, que chegou a 250 milhões de litros no sábado: o maior volume consumido até então havia sido de 235 milhões de litros num único dia, em 2017. A produção da Sanepar foi 17% a mais do que a média de verão. Na sexta-feira (2), a cidade teve o dia mais quente da história, com registro de 41ºC. Antes disso, a máxima havia sido de 39,3ºC, em novembro de 1985.
As temperaturas que antecederam o fim de semana de Umuarama chegaram ao máximo de 45ºC, com sensação térmica de 50ºC. No sábado, o consumo de água em Umuarama foi de 26 milhões de litros, 18% maior que o registrado para o mês de outubro, que é de 22 milhões de litros.
O pico no consumo e os níveis baixos dos reservatórios, devido à queda na vazão de rios e poços, provocaram desabastecimento pontual em bairros e regiões mais altas e afastadas dos centros de distribuição de água de muitas cidades. “Estamos batendo todos os recordes de produção, com as estações operando 24 horas por dia. Em muitos lugares, a estiagem já reduziu a vazão de rios e poços. A previsão meteorológica indica que teremos uma primavera com chuvas abaixo da média, como vem ocorrendo desde 2019. As temperaturas máximas também estão batendo recorde. Será necessária muita consciência no uso da água em todo o Estado”, afirma o diretor de Operações da Sanepar, Sergio Wippel.