Paralisação segue até sexta-feira, sob ameaça de parar tudo
Toledo – Um dia depois das manifestações de Sete de Setembro, caminhoneiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro iniciaram ontem (8) o bloqueio parcial de rodovias federais e estaduais no Paraná e em pelo menos mais sete estados: Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Maranhão e Rio Grande do Sul. Conforme balanço da PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgado na noite de ontem, foram localizados 173 focos de manifestações e 53 pontos de bloqueio parcial de rodovias.
A paralisação tem sido organizada em grupos de WhatsApp e não tem ligação com entidades de classe dos trabalhadores nem são comandadas por tradicionais entidades e líderes de caminhoneiros, que recentemente refutaram participar dos atos a favor do presidente.
Os caminhoneiros autônomos dizem apoiar pautas de Bolsonaro, como impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal e voto impresso, e prometem manter a paralisação até esta sexta-feira (10), sob ameaça de bloquear completamente as rodovias em todo o País.
No Paraná, as manifestações começaram na manhã de ontem (8). Vários pontos de paralisação foram registrados em diferentes regiões do Estado. Na região, caminhoneiros se concentraram em postos de combustíveis às margens da BR-277, em Medianeira e Céu Azul, mas sem interdição da rodovia. Foram registrados pontos de bloqueio parcial na PR-182, em Realeza, e nas PR-180 e 317, em Toledo, e na PR-280, em Marmeleiro.
No bloqueio em Toledo, os caminhoneiros estavam impedindo apenas os veículos de carga de passar. De acordo com o caminhoneiro Marcelo da Rosa, conhecido como Solitário, ambulâncias, veículos de passeio (carros, motos e vans) e caminhões com produtos perecíveis foram liberados para seguirem viagem.
Em Toledo, o bloqueio afeta o acesso da BR-467 devido ao congestionamento. Os caminhoneiros ainda pedem o apoio dos comerciantes para aderir às manifestações.
De acordo com a PRE (Polícia Rodoviária Estadual), durante a paralisação em Toledo, um motorista que se negou a aderir à manifestação foi agredido.
A polícia segue acompanhando os pontos de bloqueios em todo o Estado, e, na noite de ontem, havia aproximadamente 25 locais com manifestações.
Entidades repudiam paralisação
A Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), que representa mais de 20 mil empresas no Paraná, emitiu nota repudiando os atos que fecham parcialmente diferentes pontos em rodovias.
A Federação destaca que, em nenhum desses atos, motoristas ou empresas do setor de transporte estão presentes, sendo “movimentos isolados” e praticados por profissionais autônomos que não fazem parte da Federação.
A entidade reforça que desconhece o teor da pauta e salienta que o direito de ir e vir das pessoas que estão nas estradas, bem como dos transportadores que necessitam trafegar levando suas cargas, precisa ser respeitado.
A Federação ainda informa que, nas localidades onde ocorrem as manifestações, cidades correm o risco de desabastecimento de produtos essenciais.
Governo monitora impacto de bloqueios no abastecimento de combustíveis
O MME (Ministério de Minas e Energia) está acompanhando os bloqueios promovidos por caminhoneiros em algumas rodovias do País. A atenção é ainda maior em Santa Catarina, onde representantes de distribuidoras alertam para o risco de o fornecimento de combustíveis ser afetado nas próximas horas. “Até o momento, não houve impacto na rede de abastecimento de combustíveis”, afirmou o ministério, por meio de sua assessoria de imprensa.
Os bloqueios de rodovias começaram na terça-feira, durante as manifestações do 7 de Setembro, convocadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Segundo distribuidoras de combustíveis, o cenário de abastecimento de gasolina e óleo diesel, por exemplo, é mais crítico em Santa Catarina e no Mato Grosso. Apesar de a PRF (Polícia Rodoviária Federal) dizer que está garantindo o fluxo de veículos, a percepção das distribuidoras é de que a situação está piorando, segundo fontes que pediram anonimato.