Cascavel – A reunião marcada pelo Consórcio Neoenergia, responsável pelas obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu e pela Secretaria Especial de Assuntos Fundiários do Paraná, representada pelo secretário Hamilton Serighelli, com as famílias atingidas pela construção da barragem entre Capanema e Capitão Leônidas Marques, só confirmou o que há meses os moradores do entorno da obra vêm sentindo na pele: o descaso dos empreendedores ante aqueles que precisam solucionar o impasse das indenizações.
O encontro, agendado para as 10h de quarta-feira (16), foi postergado para o fim da tarde do mesmo dia. O atraso de aproximadamente sete horas do secretário estadual e a ausência de representantes do consórcio, que enviou apenas seu assessor de imprensa como porta-voz, impediu que a reunião seguisse o ritmo esperado.
Desde cedo, cerca de 40 pessoas aguardaram, no 6º Batalhão da Polícia Militar de Cascavel, o início dos debates.
Deixamos nossas atividades de lado para estar aqui e ninguém apareceu. É um descaso com as famílias que esperam por uma solução, relata o agricultor Sidnei Martini. A última reunião entre Estado, empreendedor e atingidos ocorreu no fim do primeiro semestre de 2014.
A falta de sensibilidade da empresa gera tensão entre as famílias afetadas pela obra.
Várias questões precisam ser alteradas no Termo de Acordo firmado em 2014. As famílias estão preocupadas, e é preciso avançar nesse quesito. Há claramente insensibilidade da empresa para atender o apelo dos atingidos, comenta o representante do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), Rodrigo Zancanaro.
A prefeita de Capanema, Lindamir Denardin, que também aguardava pela reunião, interveio perante a situação dos atingidos. Na ocasião, ela cobrou, por telefone, do diretor-presidente do Consórcio Neoenergia, Felipe Moreira, a vinda de representantes, inclusive jurídicos, para apresentar propostas de ressarcimento aos agricultores, que terão suas terras alagadas durante a construção da usina. No entanto, até às 18h de ninguém apareceu.
Cobranças
Entre os principais pontos levantados pelos agricultores a serem modificados no Termo de Acordo com o consórcio está a revisão do caderno de preços das áreas rurais, a metodologia utilizada pela empresa para determinar os valores das terras, a apresentação de espaços para reassentamentos próximas às áreas origem das famílias e a definição de critérios de enquadramento por direito.
Neste último caso, conforme Zancanaro, o empreendedor criou uma condição de que a família precisa provar que depende e produz na referida área.
Ou seja, ela tem que provar que existe. Isso é uma condição grave que está no TA e deve ser alterada. Caso isso não ocorra, será uma retirada de direito e exclusão social muito grande, comenta.