Capitão Os agricultores que terão suas terras alagadas pela construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu se reuniram ontem na prefeitura de Capitão Leônidas Marques para uma revisão do caderno de preços das indenizações. Representantes do Grupo Neoenergia e da Geração Céu Azul, responsáveis pelo empreendimento, e o prefeito de Capitão, Ivar Barea, participaram da reunião.
A proposta do empreendedor, segundo o agricultor Sidnei Martini, foi encaminhada por e-mail às famílias, ainda na tarde de ontem, que em conjunto, farão a análise dos valores a serem pagos pelas áreas atingidas durante a construção da barragem. Ao contrário da empresa, que desde a paralisação das obras em junho de 2014 não discutia nenhuma questão social, os atingidos terão apenas dois dias para aceitarem ou não as sugestões do consórcio. Uma reunião está marcada para amanhã, às 9h, também em Capitão, com o propósito de as negociações andarem. A tabela de preços enviada aos agricultores será discutida e levada a mais esse encontro, mas por enquanto, a situação ainda está indefinida, relata o agricultor Sidnei Martini, que vê a possibilidade de a revisão ser concluída até 5 de abril. A necessidade de reajustar os valores apresentados há quase dois anos ocorre, conforme os produtores rurais, em decorrência do aumento da inflação e da valorização das terras no entorno da obra.
O prefeito Ivar Barea vê como positiva as expectativas para a finalização do caderno de preços. Os atingidos querem a atualização do caderno de acordo com o índice inflacionário, e a reunião de amanhã servirá para termos um posicionamento de como seguem as negociações, diz.
Sem abordagem
Na reunião de ontem em Capitão Leônidas Marques questões relacionadas à implantação de reassentamentos próximos aos locais de origem das famílias e a compra de áreas produtivas para que os atingidos possam dar continuidade às suas atividades foram abordadas de forma superficial. O posicionamento do empreendedor, segundo Martini, foi de que um cronograma será apresentado em nova reunião para atender a mais esse anseio das famílias. No entanto, não há prazos para concluir essa etapa.
A equipe de reportagem de O Paraná entrou em contato com o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (Neoenergia e Geração Céu Azul) para esclarecimentos da proposta, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
Espera de sete horas
Na semana passada, cerca de 40 pessoas dos cinco municípios afetados pela obra (Capanema, Capitão Leônidas Marques, Nova Prata do Iguaçu, Realeza e Planalto) esperaram mais de sete horas, no 6º Batalhão da Polícia Militar de Cascavel, a chegada do secretário estadual para Assuntos Especiais, Hamilton Serighelli, e de representantes do consórcio empreendedor. No debate, que só começou à noite, não foram apresentadas propostas definitivas às famílias.