
Paraná - Cascavel – O Paraná ocupa a segunda posição no ranking nacional de roubos e furtos de maquinário agrícola, com 10% das ocorrências registradas no primeiro semestre de 2025, ficando atrás apenas de São Paulo, que concentra 70% dos casos. O levantamento é do Grupo Tracker, empresa de rastreamento presente em 17 estados, e aponta crescimento geral de 37,5% nas ocorrências em relação ao mesmo período do ano passado. A insegurança no campo preocupa, mesmo com os esforços das forças da Segurança Pública do Paraná.
A estatística revela um cenário de alerta para o agronegócio, especialmente em regiões que dependem fortemente da mecanização. Em estados como Maranhão, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais, a criminalidade também avança, ampliando o alcance de um problema que vai além da simples perda de patrimônio: compromete diretamente a continuidade da produção agrícola.
Roubos específicos
Os equipamentos roubados não são escolhidos ao acaso. Criminosos têm priorizado tratores, pulverizadores, plantadeiras e caminhonetes — itens que funcionam como o “coração mecânico” da lavoura. Só no caso das picapes, houve alta de 22,8% nas ocorrências. Entre elas, a Hilux a diesel se destaca como o veículo mais visado. De grande valor comercial e reconhecida robustez, passou a ser alvo frequente de clonagem, desmanche para venda de peças ilegais e até utilizada como moeda de troca no Paraguai, país que faz divisa com o Brasil pela região de Foz do Iguaçu.
A escolha não é casual. Assim como o ouro chama atenção em mercados paralelos, máquinas e veículos de alto valor são vistos como ativos fáceis de movimentar e com grande procura, seja para uso direto, seja para abastecer redes ilegais de comércio.
Seguro essencial
Com o avanço da criminalidade, produtores rurais têm buscado no seguro agrícola uma forma de blindar o patrimônio. Mais que cobertura para roubos e furtos, a apólice pode funcionar como amortecedor financeiro, permitindo que a produção siga sem rupturas mesmo diante de imprevistos. Entre as coberturas possíveis, constam: incêndio, raio e explosão; acidentes no transporte das máquinas; colisões, capotagens e tombamentos; danos elétricos e mecânicos por eventos inesperados; e responsabilidade civil em casos de acidentes que causem prejuízos a terceiros.
Impacto dos Roubos no Agronegócio
Outro ponto que chama atenção é o efeito em cascata que um crime pode gerar no campo. Um maquinário roubado ou destruído não significa apenas perda do bem, mas também atraso no plantio, falhas na colheita e custos adicionais com a paralisação das operações. É como um elo rompido na corrente: a quebra de um ponto compromete toda a estrutura.
Para muitos produtores, portanto, a escolha está entre absorver sozinho os impactos da insegurança rural ou transferir parte desse risco ao seguro, garantindo estabilidade mesmo em situações adversas.
Desafios e Soluções para a Criminalidade no Campo
Campo com desafios crescentes
A escalada nos índices mostra que a criminalidade no campo hoje é tão desafiadora quanto questões climáticas ou oscilações de mercado. Assim como a seca compromete a colheita ou a queda no preço internacional reduz margens de lucro, os roubos de maquinário consolidaram-se como fator de risco permanente.
Nesse cenário, medidas preventivas — do uso de rastreadores à contratação de seguros especializados — tornam-se indispensáveis para reduzir vulnerabilidades e assegurar que o campo continue produzindo com segurança e previsibilidade.
A reportagem do Jornal O Paraná manteve contato com a Comunicação da Secretaria Estadual de Segurança Pública para obter respostas sobre o levantamento, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.