AGRONEGÓCIO

Para entidades, falta de recursos e juros elevados inviabilizam expansão do agro

Entidades do agronegócio manifestam descontentamento em Cascavel sobre medidas do governo que afetam o Plano Safra - Foto: FPA
Entidades do agronegócio manifestam descontentamento em Cascavel sobre medidas do governo que afetam o Plano Safra - Foto: FPA

Cascavel - Em carta conjunta, 50 entidades do agronegócio brasileiro assinaram um manifesto mostrando o seu descontentamento com as mais recentes medidas anunciadas pelo governo federal de amplo impacto no setor produtivo. A preocupação é notória e todos são uníssonos quanto à relevância de recursos suficientes ao Plano Safra, visando o crescimento sustentável do agro nacional.

Conforme o comunicado, é urgente o aprimoramento estrutural para assegurar recursos para o setor. Essa constatação surgiu principalmente após o anúncio do governo Lula 3 de suspender as linhas de crédito, com juros equalizados para o Plano Safra.

Para as entidades, a previsibilidade e as condições dos recursos do Plano Safra são essenciais para o planejamento das atividades agropecuárias e a interrupção inesperada das linhas de financiamento, gera incertezas que impactam negativamente na produção e na economia do País.

No entendimento do setor produtivo, é indispensável que o Plano Safra disponha de recursos suficientes para atender às necessidades de pequenos, médios e grandes produtores. “O volume de recursos deve estar à altura da importância do agronegócio brasileiro que representa importante parcela do PIB e desempenha papel essencial no abastecimento alimentar do País e do mundo. A escassez de crédito ou a oferta com juros elevados inviabilizam investimentos fundamentais para a modernização e sustentabilidade do setor”, diz um dos trechos da nota.

As entidades de classe do setor produtivo consideram que a construção do Plano Safra 2025/2026 deve começar com antecedência e contar com a participação ativa de representantes do setor agropecuário. “O novo plano precisa estar alinhado ao tamanho e às demandas do agro brasileiro, incorporando políticas que estimulem a inovação, a sustentabilidade e a ampliação dos mercados. Definir diretrizes claras e assegurar recursos adequados são passos essenciais para garantir a continuidade e o crescimento do setor”, conforme mais um trecho do manifesto.

Importância da FPA

O setor produtivo destaca o importante papel da Frente Parlamentar da Agropecuária que, diante da suspensão das linhas de crédito e do cenário de inflação de alimentos, especialmente da cesta básica, pressionou o governo federal por uma solução, resultando em aporte adicional de R$ R$ 4,17 bilhões para a subvenção econômica de juros nas operações de custeio, comercialização e investimento, por meio da publicação da MP 1289/2025. “Reafirmamos a importância de um Plano Safra robusto, previsível e ajustado às demandas do setor agropecuário. A cooperação entre governo, parlamento e entidades representativas é essencial para garantir que o setor agropecuário continue sendo um dos pilares da economia nacional e um dos principais responsáveis pela segurança alimentar”.

Além da manifestação das entidades sobre a alta dos juros para o agro, presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), responde ataques do ministro Carlos Fávaro.

‘Não há rompimento se não há relação’

O presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado Pedro Lupion (PP-PR), disse em entrevista coletiva concedida na terça-feira (25) que não há “um rompimento” com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, porque “não há uma relação”. A declaração se dá depois da crise envolvendo o governo federal e o agronegócio por causa da suspensão de linhas de crédito do Plano Safra 2024/2025 na semana passada.

“Eu não posso falar como deputado, mas falando como presidente da FPA, eu acho que não é um rompimento quando não há uma relação. Os ataques e as relações e os posicionamentos contrários a essa frente e ao trabalho dessa frente mostram que nós, efetivamente, estamos cumprindo o nosso papel de defender o nosso setor”. Somando senadores e deputados, a FPA é uma das frentes parlamentares mais fortes em Brasília, somando 340 integrantes.