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Livre da gripe aviária, Brasil retoma confiança do mercado mundial

Crédito: ARI DIAS/AEN
Crédito: ARI DIAS/AEN

Cascavel - O setor avícola brasileiro comemora um avanço sanitário e comercial: o Brasil foi oficialmente autodeclarado livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). O Ministério da Agricultura e Pecuária entregou o documento à OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), que passa a reconhecer a nova condição sanitária do país.

O único foco em aves comerciais foi registrado em 16 de maio, em uma granja de matrizes em Montenegro (RS), com produção de ovos férteis. Após contenção imediata e cumprimento de todos os protocolos, o Brasil concluiu o período de vazio sanitário e emitiu a autodeclaração. “Não se comemora uma crise, mas é preciso reconhecer a robustez do nosso sistema sanitário, que respondeu com transparência e eficiência. Contivemos o foco e agora avançamos com responsabilidade para retomar o comércio exterior”, destacou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

O processo de notificação à OMSA foi conduzido com base técnica pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa. Todas as etapas, da identificação ao encerramento do foco, foram registradas. O Mapa também notifica diretamente os países que impuseram restrições temporárias às exportações, buscando a retomada rápida do comércio.

“Encerramos o vazio sanitário e formalizamos que o Brasil está livre da gripe aviária em granjas comerciais. Isso fortalece nossa credibilidade sanitária e representa um passo essencial para a normalização das exportações”, disse o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart.

O reconhecimento é decisivo para restaurar a normalidade nas exportações brasileiras de carne de frango e derivados, especialmente para países que adotaram restrições desde a ocorrência isolada da doença.

Confiança internacional

Para Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), a autodeclaração é um marco para a avicultura nacional. “É um passo definitivo para acelerar negociações com mercados que ainda mantêm algum tipo de restrição”, afirma.

Ele explica que o protocolo brasileiro seguiu todas as exigências internacionais: o vazio sanitário de 28 dias cobre dois ciclos de vida do vírus, garantindo a eliminação da contaminação. “O status sanitário foi plenamente restabelecido.”

Santin lembra ainda que, enquanto outros países produtores ainda enfrentam surtos ativos de IAAP, o Brasil solucionou seu único foco com rapidez e eficácia.

Impactos

Maior exportador mundial e segundo maior produtor de carne de frango, o Brasil tem no setor avícola uma das principais fontes de geração de divisas para o agronegócio. A expectativa é de que, com o fim do vazio sanitário, os contratos sejam retomados rapidamente, especialmente com países da Ásia, Europa e África.

“Estamos confiantes na retomada dos embarques. O Brasil reforça seu papel estratégico na segurança alimentar global”, afirma Santin. A recuperação deve beneficiar toda a cadeia produtiva: produtores integrados, cooperativas, frigoríficos e prestadores de serviço.

Histórico e biosseguridade

O Brasil possui um histórico sólido no controle de doenças avícolas e, até maio, nunca havia registrado gripe aviária de alta patogenicidade em aves comerciais. A resposta rápida ao foco,  com bloqueio sanitário, sacrifício de plantéis e desinfecção, foi decisiva.

A atuação conjunta entre o Mapa e entidades privadas como a ABPA foi essencial para garantir a eficácia das medidas. A cooperação é apontada como diferencial brasileiro no enfrentamento de crises sanitárias.

Próximos passos

Com a autodeclaração reconhecida, o Brasil aguarda agora a reabertura formal dos mercados. A expectativa é de retomada progressiva das exportações nas próximas semanas. Paralelamente, o setor avícola reforça investimentos em biosseguridade, rastreabilidade e vigilância sanitária.

“O compromisso da avicultura brasileira é com a produção de alimentos seguros. Este episódio prova que nosso sistema é eficiente e preparado para responder rapidamente a qualquer desafio”, conclui Santin.