Paraná - A febre aftosa voltou a assombrar países produtores de bovino. A Alemanha acaba de confirmar um surto da doença em um rebanho de búfalos pertencente a uma propriedade em Hoppegarten, entre a capital Berlim e a fronteira com a Polônia. A Alemanha volta a registrar casos 37 anos depois.
O que foi feito?
De acordo com informações do departamento de agricultura de Bradenburg, os 11 animais do rebanho foram sacrificados. As autoridades agiram de imediato e criaram zonas de exclusão em um raio de três quilômetros e de monitoramento, envolvendo 10 quilômetros. Está expressamente proibida a retirada de produtos ou animais daquela área de abrangência.
Até então, Alemanha e Europa eram consideradas áreas livres de febre aftosa sem vacinação, a exemplo do status conquistado recentemente pelo Brasil. Em 2001, um surto da doença foi registrado naquela continente, resultando no sacrifício de animais no Reino Unido e na Holanda.
As investigações se concentram agora em saber de que forma os animais foram infectados. Os casos de aftosa recém descobertos na Alemanha não devem ter impacto direto no mercado da União Europeia, conforme as autoridades ligadas à agricultura, e muito menos ajudar nas exportações de carne brasileira ao bloco econômico.
Para especialistas, as ações adotadas pelas autoridades sanitárias serão suficientes para conter o avanço da doença a outros países, uma vez que os animais já foram sacrificados e o controle sanitário é mantido.
No Brasil
No Brasil, o último surto de aftosa ocorreu em 2006, no estado do Mato Grosso do Sul. Graças ao Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, o país deixou a área livre de aftosa com vacinação na maioria dos estados, para o status de área livre sem vacinação. Entre eles, está o Paraná.
Em 2007, o Reino Unido reduziu mais de 2.000 animais para combater a doença, de acordo com o governo britânico, e em 2011 a Bulgária teve que diminuir centenas de outros após uma epidemia de febre aftosa, que foi o último caso conhecido na UE, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH).
A Alemanha começou a criar búfalos de água na década de 1990, de acordo com as autoridades de Berlim. Os animais são apreciados pelo seu leite e carne e também são usados para controlar o crescimento da grama nos campos.
Em entrevista concedida nesta segunda-feira à equipe de reportagem do Jornal O Paraná, o gerente de Saúde Animal da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Rafael Gonçalves Dias, o Paraná também está acompanhando de perto o desenrolar da situação envolvendo a aftosa do outro lado do Oceano Atlântico. “Temos a informação de que agora estão correndo atrás da vacinação urgente do rebanho”, comenta. “Procuramos a Organização Mundial de Saúde atrás de mais detalhes, mas ainda há poucas informações”.
A Adapar sabe que há anos a Alemanha possui o status de área livre de aftosa sem vacinação e agora ocorreu essa reintrodução da doença, no qual todo o país está sujeito, inclusive o Paraná. “Seguimos com o trabalho de vigilância após a retirada da vacinação aqui em 2021. Intensificamos o monitoramento com um direcionamento da fiscalização com base em análise de risco, ou seja, temos feito um trabalho junto com pesquisadores calcular o risco da introdução e disseminação da doença aqui no Paraná e no Brasil, principalmente nas regiões onde houve a suspensão da vacinação”.
Em 2025
Em 2025, outras unidades da federação vão suspender a vacinação, abrindo o trânsito de bovinos para todos os estados. Ou seja, o Brasil se tornará um país livre da aftosa sem vacinação. Com isso, o Paraná fará o acompanhamento das fiscalizações de cargas transitando entre diferentes unidades da federação.