Cascavel – Com um reforço na segurança – pelo menos seis – e colete a prova de balas, o vice candidato à Presidência de Jair Bolsonaro (PSL), General Mourão esteve em Cascavel onde criticou a herança deixada pelos governos petistas. Apesar de elogiar desempenho da mídia no desmantelamento de grupos políticos corruptos, Mourão disse que a imprensa terá que “aturar” Bolsonaro. Contrariando expectativas, deixou de lado discussões sobre agronegócio, grupos minoritários e liberação de armas. Em campanha, para evidenciar o apoio feminino (maioria do eleitorado e que apresenta rejeição a Bolsonaro, público decisivo nas urnas), Mourão fez questão de tirar fotos com as mulheres que estiveram entre a plateia no auditório da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel).
O ataque sofrido pelo candidato à Presidência em Juiz de Fora, Minas Gerais, foi comentado pelo aliado político – e que segundo ele não houve fragilidade do sistema de segurança. “O Bolsonaro não aceita muito as imposições clássicas da segurança. Um dos momentos mais críticos é quando se está no meio da multidão. Havia uma recomendação há mais de um mês para que ele não entrasse mais em ‘bolo’ de gente”. O general garante que Bolsonaro está se recuperando ao lado da família e terá que se ausentar temporariamente da campanha, cabendo a ele a substituição. “Não vamos deixar a bandeira do Bolsonaro cair”.
Embora no polo do agronegócio – diante de dezenas de ruralistas –, o general não tocou no assunto publicamente, nem quanto a liberação de armas no País, e enfatizou apenas a abertura da política externa para melhorar a economia nacional. Com portas fechadas, Mourão esteve reunido com representantes de setores importantes para a região: comércio, indústria e agricultura – e a maioria deixou evidente a simpatia com o grupo político – inclusive custeando a viagem de Mourão no Paraná. Além de Cascavel ele passará por Londrina e Curitiba, em aeronave do empresário Valdinei Silva. “Precisamos restabelecer a economia do País. Primeiro lugar o governo fazendo o dever de casa, buscando o equilíbrio fiscal. Estamos no quinto ano de déficit – imaginem cinco anos no vermelho. Temos que equalizar receitas e despesas. O que nossos empresários necessitam? Que os impostos sejam reduzidos e destrave o jogo – desregulamentação, o que dificulta a livre empresa”.
Mourão defende reforma previdenciária, fazendo uma analogia a alteração do sistema atual a “troca do motor com o avião voando”. A ideia do candidato é copiar modelos de outros países, para que o trabalhador pague pela aposentadoria e divida igualmente a parcela com o empregador. “O valor da aposentadoria ele vai determinar. Isso em contas de bancos privados, pois se ficar em estatais alguém vai passar a mão”.
A reforma tributária também esteve entre os assuntos debatidos – desde a melhor distribuição do Imposto de Renda. “Temos que alargar mais a base para que todos paguem, e paguem menos. Ganhar mais com menos. O governo aumentará a arrecadação e pagaremos menos impostos”.
A desburocratização está entre as metas e segundo Mourão hoje o sistema é ultrapassado. “Temos um sistema cartorial, ainda na base do carimbo. Temos que digitalizar e virtualizar o governo. As transações bancárias são feitas por celular, por qual motivo com o governo não podem ser dessa forma? Temos um excesso de regulação, burocracia e corporativismo do funcionalismo público”.
Rouba, mas faz!
General Mourão também comentou a situação de governantes eleitos e que respondem por denúncias de corrupção, como o ex-presidente Lula e o ex-governador do Paraná, Beto Richa, que ele trata como “crise política e policial”. “Temos políticos respondendo a processos e outros presos. No Paraná temos o ex-governador preso, o que não deve ser orgulho a ninguém. Conheci ele quando era comandante da região sul – contato institucional. Sempre me pareceu alguém comprometido com os interesses do estado. Na realidade é que em uma foram de fazer política – antiga – vamos lembrar do Ademar de Barros, ex-governador de São Paulo, onde o slogan era: ‘rouba, mas faz’. Agora o pessoal continuou roubando”.
O candidato a vice defende aumento da abrangência de telefonia móvel – que segundo ele vai melhorar a educação brasileira e reduzir gastos com campanhas publicitárias. “Temos 200 milhões de celulares no País – seria possível mandar uma mensagem sobre a vacinação da paralisia infantil: barato, simples e deixaria de pagar horrores por campanhas publicitárias”. Já sobre a educação, hoje, segundo Mourão há muito investimentos em ensino superior, que deve ser realocado no ensino fundamental. Já as vagas em instituições públicas devem ser ocupadas por quem só estudou na rede pública. Pelo celular, os brasileiros poderiam fazer cursos EAD, Educação a Distância.
A mesma tecnologia que garante maior educação é criticada pelo candidato quando ela é aplicada nas urnas eletrônicas. “Uma coisa é certa: não há auditoria em nosso processo eleitoral. O principio da publicidade da administração pública não existe”.
Mourão se diz contra qualquer intervenção militar – mesmo com o pedido dos eleitores de Bolsonaro. “Estamos vivendo uma democracia liberal, que vive uma crise. Hoje o problema é que as novas tecnologias estão suprimindo vagas no mercado de trabalho e estão mudando as relações pessoas que temos”.