Cotidiano

Meditação como ferramenta de cura

 

O estresse do dia a dia pode adoecer o físico e o mental. Para auxiliar nesses problemas, a meditação tem sido uma alternativa encontrada por psicólogos, terapeutas e médicos, que a indicam para o tratamento de várias doenças. Será que esse método tem resultado mesmo?

Uma prática milenar e associada ao bem-estar e ao equilíbrio da mente, a meditação passou a ser indicada para combater e tratar problemas físicos como dificuldades motoras, posturais, condicionamento físico e, claro, na parte psicológica atua como um regulador dos sintomas de ansiedade, nervosismo e irritação.

Estudos mostram que a meditação está relacionada à diminuição de sintomas de estresse e ansiedade e pode produzir efeitos de curta e longa duração melhorando as condições mentais, emocionais e físicas do praticante. Menos estressado e ansioso, o resultado é uma vida calma e feliz.

A terapia

A meditação é considerada um tipo de terapia sem contraindicações e já começa a mostrar os efeitos a partir da primeira sessão. Em Cascavel, um dos profissionais que trabalham nessa área é o terapeuta Jair da Silva, da Gandhara Spa Terapias Orientais. Com 30 anos experiência, segue o conhecimento Sankya, que é um dos sistemas mais antigos da filosofia hindu clássica e separa a vida entre natureza e matéria. Esse conhecimento consiste em distinguir um do outro através dos tratados Yoga Sutra e Vedanta-sutra.

O terapeuta diz que é importante sempre conversar para estabelecer o objetivo da técnica e quais áreas o paciente quer trabalhar: “A meditação é um estágio avançado de equilíbrio mental e uma forma de centralizar os objetivos por meio da respiração, por isso antes de começar as sessões é importante o diálogo para que possamos determinar e orientar o cliente sobre a técnica e como ela age”.

A meditação é uma técnica milenar oriental psicofísica que trabalha o equilíbrio entre o corpo e a mente e melhora a relação da pessoa com ela mesma.

A terapeuta Raquel Perez é praticante de meditação há oito anos e afirma que muitos aspectos da sua vida melhoraram: “A meditação me ajuda a relaxar, a silenciar a mente e melhorou minha ansiedade, além de aumentar minha criatividade e concentração nas tarefas diárias”.

Ela pratica a meditação guiada uma vez por semana e explica que funciona para manter o foco no que ela precisa fazer e assegura seu equilíbrio.

A meditação guiada consiste na respiração profunda que pode durar de 3 a 30 minutos. Nesse tipo de terapia é inserida a música relaxante e um guia que conduz a meditação.

A meditação e a psicologia

A meditação tem origem nas filosofias espirituais do Oriente e ganhou força no Ocidente a partir da década de 1960. Desde então cresceu como prática pessoal e despertou o interesse científico.

A teoria que mais se assemelha a essa técnica é a psicologia e já foi estudada por psicanalistas como Erich Fromm e Karen Horney. Também foi estudada pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, que acreditava que a meditação era uma das formas do sujeito acessar imagens arquetípicas.

O psicoterapeuta Friederich Salomon Perls enfatizou a importância do aqui e agora que é encontrado na meditação e considerava essa uma poderosa ferramenta para atingir outros níveis de consciência.

“É importante que o paciente tenha uma orientação adequada de como praticar a meditação de forma correta e segura, já que a meditação pode desestruturar pessoas com egos muito frágeis. Para esse tipo de pessoas, alguns autores como Silvia Borstein recomendam práticas mais corporais, como o Hatha Yoga, ou meditação a andar, em vez de práticas muito intensas em que o paciente fica sentado o tempo todo”, ressalta a psicóloga Raquel Fernanda Blazius.

A especialista explica que a meditação funciona como um mecanismo de autorregulação entre corpo e mente que ajudam no processo para focar a atenção.

A técnica pode oferecer ao praticante vários benefícios, entre eles aumento da criatividade, melhorias no processo cognitivo, redução do estresse e ansiedade, melhora a função imunológica, ajuda na qualidade do sono, melhora a saúde mental, física, a atenção, pensamentos e emoções e surte inúmeros outros benefícios.

Terapia complementar

No Brasil, o Ministério da Saúde aprovou a utilização das práticas complementares da medicina chinesa como acupuntura, homeopatia e meditação.

Ainda não há publicações científicas que retratem a utilização da meditação no sistema de saúde, mas as técnicas orientais já são utilizadas em clínicas públicas e privadas.

Nas universidades brasileiras se sabe de dois grupos de pesquisa que vêm trabalhando na área, um bastante voltado para a pesquisa, no Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), e outro mais direcionado para a prática e a inserção da técnica no âmbito da saúde mental, na Clínica-Escola de Psicologia da Unifor (Universidade de Fortaleza), onde é oferecido um serviço terapêutico gratuito à população.

Ioga

A ioga também é uma das práticas que seguem as culturas orientais e tem a meditação como parte dela. A meditação é a parte avançada da ioga e une aspectos físicos, emocionais e espirituais e fazem com que o paciente entre em um estado de harmonia.

A ioga inclui exercícios físicos feitos lentamente prestando atenção na respiração, relaxando e se concentrando em cada movimento.

Importante

É importante que se tenha um profissional para auxiliar nos primeiros passos da meditação que consiste em uma postura correta e concentração na respiração.

Foto: LOCAL – Meditação – FD (27)

A técnica é utilizada para tratar vários sintomas do estresse e ansiedade

Crédito: Fábio Donegá