Cascavel – “Eu só quero que justiça seja feita, porque é muito triste ver isso acontecendo com um filho. Ainda mais o Isaac, que tem esse problema… qualquer pessoa que olha pra ele de longe vê que ele tem deficiência mental. Aí quiseram dizer que meu filho tinha uma arma e ia atirar? Meu filho nem sabe o que é uma arma, jamais ia conseguir atirar em alguém”. O depoimento é de um pai que viu a vida virar de ponta cabeça há quase um ano, quando seu filho, Isaac Valin, de 24 anos, foi baleado por policiais militares e acusado de ter ameaçado atirar contra eles.
Antonio Valin hoje cuida do filho deficiente que agora está com sérias limitações físicas. “Meu filho tem deficiência mental e sempre foi difícil a comunicação com ele. Mas depois que ele levou os tiros ficou ainda mais complicada a situação. Ele ficou com a perna ‘arrastando’ e o braço meio duro por causa dos tiros. Eu sou boia-fria e fiquei 60 dias sem poder trabalhar pra poder cuidar dele… Precisava levá-lo ao banheiro, dava banho, comida, fazia tudo… Agora ele voltou a se virar sozinho, mas ficou com mais esses problemas”, conta Antonio, que tem duas filhas.
O caso aconteceu no dia 8 de maio de 2018, no interior de Lindoeste. E o que era para ser um “confronto” virou investigação do Gaeco sobre a conduta dos policiais.
Antônio Henrique Martins dos Santos e Anderson José Mazurek foram até a zona rural de Lindoeste verificar denúncia de invasão de propriedade. Chegaram à casa de um funcionário do dono da propriedade. Ali estava Isaac Valin que, com tem sérias dificuldades de comunicação, não atendeu à ordem de abordagem dos PMs. Foi então que houve os tiros. Isaac foi atingido com um tiro na perna direita e outro no braço esquerdo.
Os policiais pediram reforço e é aí que entra Samuel dos Santos, também denunciado pelo Gaeco, que afirma que ele teria ajudado a implantar um revólver calibre 32 perto de Isaac, alterando a cena para justificar os disparos.
As acusações
A primeira audiência do caso foi realizada na ultima sexta-feira (12) na 1ª Vara Criminal do Fórum Estadual de Cascavel. O PM Antônio Henrique Martins dos Santos é acusado de tentativa de homicídio, já que foi o autor dos disparos. Os colegas Anderson José Mazurek e Samuel dos Santos são acusados de fraude processual por conta da alteração da cena. Foram convocadas 12 testemunhas de acusação mais as testemunhas de defesa.