Brasília – Apesar de conseguir um resultado acima do que indicavam as pesquisas, a disputa à Presidência da República ficou para o segundo turno, em 28 de outubro, quando o Brasil escolhe em definitivo entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
O candidato do PSL fez 46,5% dos votos válidos e o petista, 28,7%. Ciro Gomes (PDT), o terceiro, fez apenas 12,5%.
Com isso, deve se acirrar a divisão que já vinha se acentuando no último mês. O candidato do PSL defende punição severa – quando não a morte – de bandidos, colocando-se contra os “direitos humanos para criminosos”. Prega o direito de o “cidadão de bem” ter arma para se defender. Combate o “kit gay” e a ideologia de gênero nas escolas. E elogia a ditadura militar. Com essa agenda, Bolsonaro catalisou em si a simpatia de quem é contra a esquerda em geral e o PT em particular.
De outro lado está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, mesmo condenado e preso desde abril na sede da Polícia Federal, em Curitiba, conseguiu construir a candidatura de Fernando Haddad e levar a briga para o segundo turno.
Daqui a três semanas, o eleitor vai decidir para qual lado o País irá: o petismo ou o antipetismo.
Abstenção
Mais de 20 milhões de eleitores não apareceram para votar. Outros 3 milhões votaram em branco e mais de 7,1 milhões anularam o voto.
*Dados com 99,06% das urnas apuradas
Bolsonaro ganha em 17 estados e DF; Nordeste garante 2º turno
O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, é o mais votado em 17 estados e no Distrito Federal. O capitão reformado do Exército só ficou atrás de Fernando Haddad (PT) nos oito estados do Nordeste e no Pará. Ciro Gomes (PDT) liderou a disputa no Ceará, seu berço político.
Bolsonaro e Haddad disputam a Presidência pela primeira vez e foram os dois mais votados entre os 13 postulantes ao Palácio do Planalto. O resultado do primeiro turno quebrou a polarização entre PT e PSDB na eleição presidencial. Nas últimas seis eleições, houve duas vitórias do PSDB (1994 e 1998) e quatro do PT (2002, 2006, 2010 e 2014).
O Nordeste que garantiu a vitória a Dilma Rousseff em 2014 também assegurou a ocorrência de segundo turno neste ano.
O estado em que Bolsonaro teve vitória mais acachapante foi Santa Catarina, onde ficou na casa dos 65%, contra 15% de Haddad. O petista, por sua vez, dominou com maior diferença no Piauí, com 62% dos votos válidos ante 19% do candidato do PSL. No Ceará, Ciro obteve 41% e venceu Haddad, que pontuou 32%.
Minas Gerais, estado conhecido politicamente por ser representativo do Brasil – com um Norte pobre e um Sul rico -, espelhou quase que de modo idêntico a disputa em âmbito nacional. Lá, Bolsonaro obteve 48% e Haddad, 27%
Marina critica polarização
Candidata derrotada à Presidência, a ex-senadora Marina Silva (Rede) lamentou a polarização ocorrida nestas eleições entre o que classificou de “dois polos tóxicos”. Ao conceder entrevista após a confirmação do segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), Marina Silva evitou dizer se apoiará Bolsonaro ou Haddad.
Marina, cuja preferência eleitoral surpreendeu negativamente em comparação com as últimas pesquisas eleitorais, ficou em oitavo lugar, com 1% dos votos. Ela disse que, independentemente do vencedor das eleições no próximo dia 28 de outubro, seu partido deve fazer oposição ao futuro presidente.
“As candidaturas que não estavam nesses polos tóxicos acabaram sofrendo um esvaziamento em função da pregação do voto útil. Nosso projeto político tem pessoas que têm suas próprias ideias, nossos eleitores são pessoas muito conscientes e fizeram suas escolhas diante do que acharam mais interessante”, afirmou.
Segundo a candidata, a democracia é o “melhor caminho” mesmo quando há “perspectiva de atalhos”. Sem dizer se vai continuar disputando o cargo de presidente em futuros pleitos, ela lembrou que concorre ao posto desde 2010 e disse: “Ainda não foi desta vez”.
Ciro: "Uma coisa está decidida: ele não"
O candidato à presidência da República, Ciro Gomes (PDT), agradeceu a votação que o colocou em terceiro colocado na disputa eleitoral. Ainda sem garantir apoio a Fernando Haddad, segundo colocado na disputa, Ciro afirmou que está "do lado da democracia" e contra o fascismo. Ele também repetiu o bordão da campanha anti-Bolsonaro: "uma coisa está decidida: ele não, sem dúvida".
"Esse é o sentimento que eu termino: gratidão, profunda gratidão ao povo brasileiro", disse. "Minha historia de vida é uma história de luta em favor da democracia e contra o fascismo", ressaltou Ciro Gomes.
Acompanhando pelo irmão, senador recém-eleito Cid Gomes (PDT), da esposa, Giselle Bezerra, e de assessores, Ciro disse que vai anunciar seu apoio em breve. "Não vou demorar uma semana, não. Eu costumo decidir as coisas assim. Só que agora tem um conjunto muito grande de forças. Então, eu quero anunciar, por mim, o meu espírito é de continuar fazendo o que eu fiz a vida inteira: lutar em defesa da democracia e contra o fascismo. Uma coisa já está decidida: Ele não [citando campanha #elenão contra o candidato Jair Bolsonaro] sem dúvida", assegurou.