A Polícia Civil do Paraná alcançou neste mês de outubro a marca de mil retratos falados confeccionados pelo sistema Horus, implantado em 2010 e que utiliza composições fotográficas e artísticas disponibilizadas por um banco de dados próprio da Polícia Federal.
Com oito anos de funcionamento, o setor de retrato falado foi criado para auxiliar na resolução de crimes, tendo grande participação na elucidação de casos de estupro, homicídio, roubo e estelionatos, quando não é possível identificar o suspeito por outros meios.
Casos elucidados através do retrato falado não faltam. Em 2013, por exemplo, uma tentativa de assalto mal sucedida contra o ex-prefeito de Curitiba, Saul Raiz, terminou com a prisão de Felipe Rodrigues, que na época tinha 22 anos, graças a um retrato falado feito por testemunhas. Segundo pessoas que presenciaram a cena, o rapaz atirou duas vezes contra o ex-prefeito, que conseguiu fugir e ser socorrido momentos depois. O retrato falado do acusado fez com que a polícia chegasse até ele, que foi preso por tentativa de homicídio.
RECONSTRUIR IMAGENS
Pelo sistema Horus, a partir de escolhas de caracteres distintivos de faces, que possibilita reconstruir imagens de agressores ou autores de delitos graves, a polícia pode desenvolver as feições de suspeitos, promovendo a identificação parcial e não absoluta da pessoa procurada.
Além da tecnologia, o trabalho envolve outras vertentes, como o atendimento individualizado e especializado às vítimas e testemunhas. De acordo com o Chefe do Setor de Representação Facial Humana do Instituto de Identificação, Eduardo Helm Junior, a vítima é recebida em uma sala onde é explicado como o trabalho é feito, mostrando que ela não precisa descrever o suspeito e sim, achar um rosto semelhante no banco de dados.
“Na sequência ela escolhe os olhos, o nariz e a boca, então tudo é editado com o auxílio de um software gráfico, com as modificações que ela sugerir. Tenta-se, com sutileza, extrair o máximo de detalhes anatômicos para enriquecer o resultado. A lembrança de cicatrizes, manchas, pintas, odores, cacoetes, roupas e acessórios vão ajudar muito na individualização do criminoso e fazem parte do conjunto do retrato falado”, explica Helm Júnior.
ATENDIMENTO DIFERENCIADO
Tendo consciência da possível situação de fragilidade da vítima, especialistas proporcionam um atendimento diferenciado para cada indivíduo. Vale ressaltar a larga experiência em lidar com as mais variadas situações e tentar conseguir estabelecer uma relação concisa e completa, sempre focando na precisão da imagem que auxiliará na investigação policial. As testemunhas são recebidas em uma sala própria, em horário previamente agendado por telefone.
No entanto, cabe a autoridade policial, judicial ou representante do Ministério Público solicitar que vítimas ou testemunhas façam o retrato falado. Isso porque, primeiramente, eles verificam se a pessoa conseguiu visualizar, de modo satisfatório, o suspeito e de fato possa contribuir com o processo investigatório.
Depois de finalizado o retrato, a vítima ou testemunha emite seu parecer quanto ao grau de semelhança do retrato falado com o suspeito. “Após a ilustração ser finalizada, informação textual como idade aparente, altura aproximada e compleição são encaminhadas imediatamente à delegacia solicitante. Por fim, é elaborado um relatório que contém, além da entrevista, todas as circunstâncias que levaram ao resultado final e que fará parte do inquérito policial”, finaliza Eduardo.
SERVIÇO
Caso alguém seja testemunha de um crime, visualize bem a face do suspeito e queira colaborar, pode procurar a Polícia Civil ou diretamente a delegacia que está responsável pelo caso. A pessoa será encaminhada para a confecção do retrato falado e sua identidade será preservado.