RIO – O americano Phil Wooll vive com a certeza de que as olimpíadas só existem para que as pessoas do mundo todo troquem, vendam e comprem pins. Sua paixão pelos broches metálicos começou em Los Angeles-1984, por influência de um amigo. Desde então, ele, que chegou ao Rio no início da semana, vem marcando presença em todas as edições do megaevento ? de inverno e de verão ? para aumentar sua coleção, que já passa de 200 mil peças.
Pins Para otimizar sua viagem, ele costumas levar a mulher, Vilma, que é tímida, mas não perde uma oportunidade de abordar algum atleta ou jornalista que deixem as instalações olímpicas. Na última quinta-feira, os dois marcavam presença em frente ao centro de imprensa do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca.
? Nas Olimpíadas, existem três modalidades de pins: os dos comitês de cada país, de cada esporte e os da imprensa. Há colecionadores especializados em cada um desses nichos. Eu coleciono um pouco de tudo. Mas tenho um carinho maior pelos da imprensa. Ninguém supera os pins dos jornais japoneses. São os mais bonitos ? disse Phill, que aparenta ter mais de 60 anos, mas, assim como a esposa, não revela a idade.
Sobre os pins, no entanto, ele fala com brilho no olhar. Ficou chateado em Londres-2012 quando o comitê organizador proibiu a troca e o comércio de pins no entorno das instalações. Desta vez, ele não deve ter esse problema. Mário Andrada, diretor de comunicação do Rio-2016, disse que os ?pins estão liberados, queremos muitos pins no Rio?. No entanto, Phil garante que um possível posicionamento proibidor não faria a menor diferença.
? É impossível frear os pins. Eles sobrevivem a tudo. Afinal, as olimpíadas só existem por causa dos pins ? garante Phil, com um semblante sério.
PEÇAS DE R$ 10 MIL
Alguns pins podem ser encontrado à venda na internet por valores superiores a R$ 10 mil. Quanto mais antigo e raro for, mais caro será. Entretanto, a maioria dos pins são adquiridos por troca. Neste universo, existem algumas regras básicas. A principal delas é não atravessar a negociação de dois colecionadores. O mais educado a se fazer é esperar pelo fim da conversa e, aí sim, abordar um deles.
A paixão pelos pins está se renovando. Ao lado de Phil, a pernambucana Kássia Monheit, de 21 anos, e a chilena Romira Trigo, de 23 anos, não lamentam que o Pokémon Go, nova febre mundial, não tenha chegado ao Brasil. As duas estão preocupadas apenas em gastar pins. E passam quase dez horas por dia na frente do parque.
? Tenho uma sacola com pins que pesa 40kg. Pelo que tenho conseguido só nessa semana, acredito que ela vai ganhar uns quilos a mais até o fim das olimpíadas ? disse Kássia.
O também chileno Nicolas Soto, de 27 anos, é outro que faz plantão nos arredores do parque em busca dos pins. Há cerca de duas semanas, um amigo lhe deu alguns para ele começar a coleção. Desde então, este novo hábito tem ocupado boa parte de seu tempo.
? Pin é algo meio viciante. Parece bobo, mas quando você percebe já está pensando em quais trocar. Mal comparando, é parecido com aquela febre de album de figurinhas na Copa do Mundo ? disse o chileno, que mora no Rio há um ano e meio.