Esportes

No futebol masculino do Brasil, é necessário sair de casa

20130116215701175afp.jpgA cultura do futebol está em toda parte do Brasil. A estrutura esportiva, não. E, assim, há uma certeza na própria CBF: apesar de ser um país de tamanho continental, o Brasil desperdiça talentos fora do eixo Sul e Sudeste. A seleção olímpica masculina é um retrato do surgimento de jogadores atrelado ao desenvolvimento econômico. Dos 18 convocados, somente dois fizeram etapas importantes da formação no Nordeste. Os demais foram projetados por clubes das regiões mais ricas do país. Sem contar Rafinha, formado no Barcelona, da Espanha.

Censo do Time Brasil

Douglas Santos, lateral-esquerdo do Atlético-MG, é paraibano, mas fez a fase final de sua formação no Náutico, em Pernambuco, antes de deixar o país aos 19 anos para a Espanha. Baiano de Salvador, o volante Walace, do Grêmio, passou pela base do Bahia, embora também tenha defendido o Avaí e concluído a formação em Porto Alegre. São casos especiais num elenco que tem oito jogadores formados total ou parcialmente em São Paulo.

Os locais de nascimento também revelam as disparidades regionais. Dos 18 convocados por Rogério Micale, dez nasceram no Sudeste e quatro na Região Sul. Além dos nordestinos Walace e Douglas, há outras duas exceções: Thiago Maia e Felipe Anderson, ambos do Santos. Maia é nascido em Roraima e tinha apenas 13 anos quando foi tentar a sorte no São Caetano, antes de chegar à Baixada Santista. Já Felipe Anderson, do Distrito Federal, passou pelas categorias de base do Coritiba aos 14 anos.

TALENTO FORJADO NAS RUAS

Para Erasmo Damiani, coordenador das divisões de base da CBF, o quadro não se desenha somente a partir da falta de clubes estruturados, por exemplo, no norte do país. Para ele, os campeonatos nestas regiões são fracos.

? Em muitos estados, não há campeonatos fortes. Então, você tem dificuldade até de observar o atleta. Ele não disputa partidas competitivas ? avalia o dirigente, ressaltando o valor de se olhar para o Norte e Nordeste, pois há características nesses estados que os grandes centros vêm perdendo. Por exemplo, o talento forjado na rua, com menos regras e amarras táticas.