SÃO PAULO – O juiz Sérgio Moro negou o pedido da defesa de Cláudia Cruz, esposa do deputado federal afastado Eduardo Cunha, de rejeição da denúncia que o Ministério Público Federal apresentou contra ela e mais três pessoas. Os advogados alegaram violação à ampla defesa de Cláudia Cruz. Entre os motivos apresentados pela defesa estava a falta de acesso ao processo que corria na justiça suíça contra Eduardo Cunha por suspeita de lavagem de dinheiro, o que impediria que a defesa averiguasse a legalidade da investigação na Suíça. A investigação foi transferida para o Brasil em acordo de cooperação com o país europeu.
Para Moro, no entanto, não cabe questionar, na Justiça brasileira, o processo que corria na Suíça. ?Então, pretendendo a defesa de Cláudia Cordeiro Cruz questionar a validade dos atos praticados pelas autoridades suíças, deve contratar um advogado naquele país que poderá questionar os atos perante as autoridades ou Cortes de Justiça competentes daquele país?, escreveu o juiz em seu despacho. Moro, no entanto, pediu para o Ministério Público solicitar o envio da cópia integral do procdesso na Suíça.
A defesa de Cláudia Cruz também reclamou da falta de tradução de documentos. Embora tenha pedido para o MPF providenciar a tradução, o juiz novamente não julgou o motivo suficiente para a suspensão do processo.
O processo gira em torno do suposto pagamento de propinas referentes à aquisição, pela Petrobras, de direitos de participação na exploração de um campo de petróleo na República do Benin, na África, junto à empresa Compagnie Beninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH). De acordo com o Ministério Público, o deputado federal afastado Eduardo Cunha teria recebido cerca de 1,5 milhão de dólares, pagos por Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira e intermediado por João Augusto Rezende Henriques. Cláudia Cruz aparece no processo porque teria sido a beneficiária da propina, usando o dinheiro em compras no cartão de crédito.
(*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire)