RIO ? A realidade virtual (VR), usada em games para aproximar os jogadores da ação, será pela primeira vez implantada para combater o tráfico de humanos, em um documentário que narra a entrada de uma jovem no comércio sexual indiano.
O documentário usa a tecnologia VR para exibir aos espectadores a vida de uma camponesa de 13 anos, cujo casamento foi arranjado pelo pai e que depois é traficada para um bordel.
? A realidade virtual é uma forma poderosa de contar histórias e, assim, atrairá mais atenção de todo o mundo ? acredita Hannah Norling, da Fundação My Choices.
A organização sem fins lucrativos pretende chamar atenção para o tráfico de humanos, que atinge quase 21 milhões de vítimas em todo o mundo. Destas, cerca de 4,5 milhões de pessoas são forçadas a trabalhar com prostituição, a maioria mulheres e meninas.
“Notes to My Father” (“Notas para meu pai”, em tradução livre), documentário de 11 minutos, conta a história de uma dessas vítimas, que relata ao pai o horror de ser traficada.
? O uso da realidade virtual foi uma escolha estratégica, uma vez que ela passa ao espectador uma experiência em primeira pessoa. É uma grande ferramenta para ajudar as pessoas a se envolverem e a reagir ? explica Norling.
O filme pode ser visto usando um fone de ouvido VR, que dá aos espectadores a percepção de estar fisicamente perto dos personagens.
De acordo com a fundação, 90% das meninas traficadas vêm de comunidades marginalizadas, onde qualquer decisão ligada à libertação de uma jovem costuma depender das vontades do pai.
? Ele (o pai) desempenhou involuntariamente seu papel no tráfico ? comenta Norling.
O marido tornou-se agressivo e a menina ficou vulnerável quando os traficantes, drogados, a sequestraram.
? Ele era um bom pai. Desde que foi embora, passou a trabalhar em fornos de tijolos e não deixou de procurá-la ? revela Norling.