RIO ? O filme de um dos diretores de cinema mais respeitados do Irã acaba de ser lançado 27 anos depois de ser finalizado. ?The nights of Zayandeh-rood?, de Mohsen Makhmalbaf, conta a história de um antropólogo e sua filha antes, durante e depois da revolução Islâmica de 1979. A sua produção causou uma grande controvérsia na década de 1990, levando o cineasta a ser censurado e receber ameaças de morte. ?The Nights of Zayandeh-rood? trailer
O diretor descreve o suicídio como o tema principal, funcionando como uma metáfora para uma nação perdendo a esperança. ?Eu questionei a esperança que as pessoas tinham na revolução. Eu também questionei eles mesmos, à medida que iam reproduzindo a tirania?.
O filme foi banido e nunca lançado oficialmente depois de ser visto pelo próprio Ali Khamenei, líder de estado. Ele pediu que os censores confiscassem 12 minutos da película. Originalmente com 100 minutos, a censura cortou 25 minutos da obra sem o consentimento do cineasta, antes de permitirem que o filme fosse exibido como parte do festival anual de cinema de Teerã, em 1990.
?Eles disseram que era uma crítica ao islamismo, ao sistema político e à revolução?, Makhmalbaf disse, antes da exibição londrina. ?Eles me acusaram de insultar as famílias dos mártires e de tirar a esperança das pessoas na revolução”.
O diretor disse que várias cenas foram removidas e que ele estava surpreso em ver que a estrutura principal permanecia intacta quando ele reassistiu ao filme recentemente.
O longa foi contrabandeado para fora do Irã e recuperado por Makhmalbaf, que hoje vive em exílio em Londres. ?Eu consegui roubá-lo, mas eu não posso dar mais detalhes sobre como foi feito?, ele contou ao ?Guardian?.
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Curzon Bloombury, que exibirá o filme em Londres no sábado, disse: ?Antes de tudo, é um milagre que o filme tenha sido feito e que ainda exista, mesmo que seja de uma forma fragmentada?. Segundo Makhmalbaf, ?algumas pessoas esperaram a noite toda, até amanhecer, para poder entrar no teatro e assistir ao filme?.
Makhmalbaf é uma estrela do cinema pós-revolucionário do Irã. Ele é internacionalmente aclamado por seus trabalhos ?Gabbeh? (1995), ?The cyclist? (1987) e ?Kandahar? (2001).
Diferente de ?The Nights of Zayandeh-rood?, a maioria de seus filmes são exibidos em larga escala no país, mas em 2009 ele se tornou uma ?persona non grata?, por conta de seu suporte ao movimento de oposição, ?Green movement?.
?O cinema virou um espelho para iranianos poderem ver uma reflexão ainda mais real do que eles são?, ele disse. ?Antes da revolução, a oposição se expressava por meio da poesia. Depois da revolução, passaram a se expressar no cinema?.
Semana passada, o cineasta iraniano, Asghar Farhadi, ganhou o segundo Oscar do país, por ?The Salesman?.
