RIO ? A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira a Operação Falso Juramento, que investiga a cobrança de partos cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Itaqui, no Rio Grande do Sul. Os agentes cumpriram mandados de prisão preventiva contra dois obstetras que receberam a quantia indevida das mãos de dezenas de mulheres que deram à luz no Hospital São Patrício, no bairro José da Luz. Os médicos detidos foram encaminhados à Penitenciária Modulada de Uruguaiana e responderão à Justiça por crimes de corrupção, estelionato e realização de esterilização cirúrgica ilegal.
Além dos dois médicos, a investigação identificou o envolvimento na cobrança de um anestesista e uma funcionária de um dos obstetras. Os dois foram indiciados. Dezenas de mulheres relataram aos investigadores que, com receio de entrar em trabalho de parto, pediam diretamente aos obstetras uma cesária ? e pagavam, para isso, de R$ 400 a R$ 1,8 mil. O dinheiro, segundo a PF, era embolsado integralmente pelos acusados, já que documentação do hospital comprovava o custeio do procedimento pelo SUS.
As pacientes que não arcassem com a cobrança precisavam esperar pelo nascimento natural. Os policiais ainda recolheram relatos de mulheres que já estavam em trabalho de parto, mas tinham a cesárea negada caso não efetuassem o pagamento. A demora no procedimento deixou sequelas em bebês por terem passado da data de nascimento e resultou até mesmo na morte de um recém-nascido.
De acordo com a PF, há provas de que a cobrança indevida se arrasta há pelos menos 13 anos. Neste período, a prática pode ter rendido mais de R$ 1,6 milhão aos médicos, que ainda cobravam por outros procedimentos cobertos pelo SUS, como cauterização, aplicação de injeção e cirurgias.