Cotidiano

ONU alerta para risco de deportações em massa no governo Trump

GENEBRA ? O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, criticou as diretrizes migratórias adotadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O alto funcionário alertou que as novas políticas poderiam levar a detenções em massa ? inclusive de crianças ?, em uma grave violação da legislação internacional. O chefe da Casa Branca assinou na segunda-feira um novo veto migratório, proibindo a entrada de cidadãos de seis países de maioria muçulmana no território americano ? a versão original da ordem executiva havia sido assinada em janeiro, mas foi suspensa pela Justiça.

Para o especialista das Nações Unidas, é necessária uma liderança mais forte para lidar com a discriminação e a difamação de comunidades inteiras, como os mexicanos e os muçulmanos. Desde a sua campanha eleitoral, Trump lançou repetidos ataques contra estes dois grupos. Nos palanques, prometeu barrar todos os muçulmanos dos EUA e construir um muro na fronteira com o México para frear a imigração ilegal.

Hussein ainda se disse consternado pelas tentativas de Trump para intimidar e ameaçar jornalistas e juízes. O republicano se vê em uma árdua guerra contra a imprensa, a que acusa de ser desonesta e manipuladora para prejudicá-lo na Presidência. Além disso, suas relações com a Justiça também já se estremecem logo no início do seu mandato, sobretudo após a suspensão do seu primeiro decreto migratório.

Sobre a comunidade internacional, o alto comissário ressaltou que vários líderes da União Europeia cultivam uma ?indiferença arrepiante? quando o assunto são os imigrantes, que chegam em massa ao continente europeu no meio de uma grave crise migratória.

Na terça-feira, o Parlamento da Hungria aprovou por maioria a detenção sistemática de todos os migrantes que entraram no país ? uma medida suspensa em 2013 por pressão da União Europeia (UE) e da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Em outra frente, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, ordenou o reforço de cercas nas fronteiras do Sul para impedir a entrada de refugiados. Defensor de Trump, o premier disse que os migrantes, muitos dos quais são muçulmanos, são uma ameaça à identidade e à cultura cristã da Europa.