Cotidiano

Temer nega que Cunha tenha influência no Planalto

65616198_Brazilian President Michel Temer delivers a speech during the swear.jpgBRASÍLIA – O presidente Michel Temer contemporizou nesta sexta-feira as críticas do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e negou que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara preso na Lava-Jato, influencie o Palácio do Planalto. O presidente deu entrevista ao colunista do GLOBO Jorge Bastos Moreno, na estreia do programa “Moreno no Rádio”, na rádio CBN, que vai ao ar às sextas-feiras, das 14h às 15h.

? Não, absolutamente não existe (influência de Cunha). E com o senador Renan eu tenho dialogado permanentemente, tenho certeza de que nós vamos continuar dialogando. Ele vai continuar nos ajudando, preocupado que é com o país, e sabe a importância das reformas. Portanto eu tenho absoluta convicção de que ele vai nos ajudar. Evidentemente, essas afirmações não têm sustentação, não é? Imagine se o Eduardo Cunha, que está, enfim, distante, não é, pode influenciar alguma coisa aqui. Não há influência nenhuma ? afirmou Temer, que emendou dizendo que a relação dele com Calheiros vai continuar “sólida como foi no passado”.

O presidente citou ainda que a escolha do ministro da Justiça, o deputado peemedebista Osmar Serraglio, aliado de Cunha, só se deu porque outros dois cotados para a pasta ? Antônio Cláudio Mariz e Carlos Velloso ? haviam recusado assumir o ministério.

Questionado sobre eventuais afastamentos e demissões de ministros citados em colaborações premiadas da Operação Lava-Jato, Temer voltou a dizer o critério de só demitir um ministro quando ele se tornar réu. Quando for denunciado, esse integrante do governo deverá só ser afastado temporariamente. Contudo, Temer reconheceu que o próprio ministro pode pedir para sair, devido à “pressão”.

? Pode ocorrer, e estou de acordo com você, que haja uma tal pressão que o próprio ministro, em dado momento, diga: “Olhe, não posso continuar, não quero continuar, isso aqui está me prejudicando demais, e eu vou cuidar da minha vida”. Isso pode acontecer, mas aí você sabe, eu tenho que esperar os acontecimentos ? contou.

Nos próximos dias, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve enviar ao Supremo Tribunal Federal a lista com pedidos de inquéritos contra políticos, baseada em 78 delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Em seguida, esses pedidos serão divulgados.

Temer diz já ter vencido os discursos de que o impeachment foi um “golpe” e que a economia não iria retomar o crescimento.

? Você sabe que nos primeiros momentos era a história do golpe, do “Fora, Temer”. Depois, quando verificaram que não prosperava, passaram a dizer que a economia iria para o fundo do poço. E não foi, não é? Agora não sei o que é que vão inventar ? afirmou o presidente, repetindo que não irá se candidatar à presidência em 2018.

Na entrevista, Temer leu um poema que escreveu recentemente. Ele o fez em um guardanapo, durante um voo.

“Não percebeu. Mas uma semente pousou em seu coração. Germinou. Cresceu em galhos, folhas e flores. Atravessou os caminhos do seu corpo. Boca, olhos, ouvido, tato olfato. Todos os sentidos tomados pela mão pousada sobre a mão, pela proximidade da respiração, pelo leve roçar dos dedos, pelo olhar que penetrava, pelo perfume que dela vinha. A planta assim nascida tinha nome. Paixão. Que não pode se manter, porque o objeto desse amor não tinha a mesma sensação. Sem correspondência, a planta feneceu. Percorreu de volta todos os caminhos. Aninhou-se em seu coração. Voltou a ser simplesmente semente.”, diz o poema.