Não foi, nem de longe, a estreia com a qual Luis Fabiano sonhava. Em um jogo
que expôs fragilidades de ambos os lados, Vasco e Macaé empataram em 2 a 2
neste domingo, no Estádio Nilton Santos, pela primeira rodada da Taça Rio. Mais incrível
do que o placar não agradar ao Vasco, algo óbvio pela grandeza do time, é que o
Macaé tem motivos de sobra para sair insatisfeito, tamanho o arsenal de chances
desperdiçadas.
Do lado do Macaé, a fragilidade era técnica. Único que não havia somado
pontos no Carioca até então, o time armava no meio-campo uma linha de cinco
jogadores muito próxima à zaga, e ainda assim conseguia dar espaços em excesso.
Aos 13 minutos, Nenê recebeu dentro da área sem qualquer pressão e teve tempo
para dar um bonito corte em Aislan, ex Vasco, recuperar o equilíbrio e chutar de
pé direito, que não é seu preferido. A bola entrou no cantinho de Milton
Raphael, que nada pôde fazer. O goleiro do Macaé salvou pouco depois, aos 20,
quando se esticou para defender chute de Luis Fabiano. O estreante mostrava
falta de ritmo e, à exceção deste lance, não levaria perigo no primeiro
tempo.
? Enquanto eu tiver aguentando, vou jogar. Criamos muitas oportunidades. Nos
dois lances em que nos descuidamos um pouco, tomamos os gols ? disse Luis
Fabiano na saída para o intervalo.
Foi uma avaliação precisa do estreante, que deparava-se pela primeira vez com
a instabilidade emocional do Vasco: um time capaz de alternar talento ofensivo
com erros infantis na marcação, e cujo treinador já escuta gritos de demissão
com menos de dois meses de trabalho. O Macaé, totalmente acuado até os 25
minutos, chegou ao empate no seu primeiro ataque: Zotti cruzou para Hudson, que
completou para o gol entre Rodrigo e Jomar, escalado de última hora após
problema muscular de Rafael Marques.
A virada veio aos 44, em contra-ataque originado após passe errado de
Gilberto. Marquinho arrancou e serviu Rafinha, ex-Flu, que só completou na saída
de Martín Silva. E poderia ser pior se aos 46, em novo contragolpe puxado por
Marquinho, o lateral Ronaldo tivesse levantado a cabeça e cruzado para dois
companheiros livres na área, enfrentando um solitário Nenê, que havia recuado
até a defesa para cobrir a dupla de zaga. Em vez disso, Ronaldo bateu para o gol
e Martín Silva desviou.
EMPATE PELO ALTO
Cristóvão sacou Gilberto, que havia dado espaços nos dois gols, e o
inoperante Wagner no intervalo. As entradas de Yago Pikachu e Guilherme não
corrigiram as bobeiras na defesa. O Macaé voltou a levar perigo em contra-ataque
aos 13, Marquinho chutou de longe e obrigou Martín Silva a espalmar. Na cobrança
de escanteio, o volante Alan subiu sozinho no meio da área e cabeceou rente à
trave.
A falta de eficácia do time levou Cristóvão a tomar uma decisão extrema:
manter Luis Fabiano durante os 90 minutos, mesmo longe da melhor forma física. A
aposta, contudo, deu frutos. Aos 19, o centroavante desviou de cabeça um
cruzamento de Guilherme. O goleiro espalmou e Rodrigo, que acertara a trave
pouco antes, pegou o rebote para empatar.
À exceção de uma bola na trave de Nenê, em cobrança de falta aos 36, o
panorama não mudou. O Macaé seguiu dando a impressão de levar mais perigo.
Hudson driblou Jomar como quis e tirou tinta da baliza aos 30. No fim, a torcida
do Vasco voltou a gritar ?Fora, Cristóvão”.