Cotidiano

Premier francês se irrita com Le Pen por politização de ataque frustrado

FRANCE-ELECTION_LE PEN-G5J35MK46.1.jpgPARIS – A tentativa de ataque ao aeroporto parisiense de Orly, neste sábado, deu margem a uma troca de acusações em meio à campanha eleitoral para a Presidência francesa, um mês antes do primeiro turno. Após a candidata de extrema-direita Marine Le Pen acusar o governo de estar “obsoleto e aturdido”, o premier Bernard Cazeneuve a rebateu, chamando as afirmações da líder ultranacionalista de ultrajantes. frança

? Nosso governo está obsoleto, aturdido, tetanizado, como um coelho diante dos faróis de um carro ? atacou Le Pen num ato público em Metz, dizendo que quer “botar o país em ordem” diante da criminalidade e do terrorismo. ? Sou a única nesta campanha que se atreve a abordar estas questões, sem a covardia de toda a classe política diante do fundamentalismo islâmico, uma escória cuja linha de conduta prospera há 15 anos, a covardia que ainda vemos hoje.

Cazeneuve ? que era ministro do Interior e liderou as respostas ao massacre no semanário Charlie Hebdo, os atentados de novembro de 2015 em Paris e o atropelamento em massa em Nice ? emitiu um comunicado irritado, em resposta:

“Apesar de um acontecimento sério ter sido evitado nesta manhã em Orly, a senhora Le Pen escolhe o excesso. Líderes políticos, num momento em que a ameaça continua extremamente alta, devem mais do que nunca mostrar dignidade”, rebateu.

Já o atual favorito ao pleito, o ex-ministro centrista Emmanuel Macron, limitou-se a parabenizar e agradecer as forças de segurança pela pronta atuação.

O homem apontado como autor da tentativa de ataque também teria sido responsável por balear uma policial no Norte da capital francesa no mesmo dia, afirmou o governo francês. De acordo com forças de segurança, ele não portava explosivos no momento. O caso é investigado como terrorismo pela divisão antiterror da procuradoria parisiense, que prendeu o pai e o irmão do suspeito ? apontado como um francês de 39 anos com ficha criminal extensa.FRANCE-SHOOTING_-G5J35MEJ0.1.jpg

O incidente ocorreu por volta das 8h30m, perto de uma fila para check-in na zona de embarque. Brandet afirmou que o homem conseguiu se esconder numa área reservada antes de entrar em confronto com forças de segurança e acabar baleado por dois militares.

Cerca de 3 mil pessoas acabaram retiradas às pressas das imediações do aeroporto após o incidente, entre elas pessoas que iriam desembarcar e tiveram que ficar em aviões. O tráfego aéreo foi completamente interrompido em função do incidente, e voos acabaram desviados para outros terminais fora de Orly, afetando em torno de 6 mil pessoas, informou a Direção Geral de Aviação Civil. Os terminais foram reabertos horas depois, durante a tarde.

Mapa terrorismo Paris

A soldado que teve a arma roubada era justamente de uma divisão antiterror, mas as autoridades foram positivas sobre a reação ao ataque. Um fonte policial disse que a ausênia de vítimas no aeroporto mostrou eficiência, tom semelhante ao do presidente François Hollande.

“O Presidente da República saúda a coragem e a eficiência mostradas pela polícia e pelos miltiares em face dos ataques cometidos por um indivíduo perigoso neutralizado”, afirmou o Palácio do Eliseu em um comunicado.

Aeroporto de Orly em tensão após ataque

No mesmo dia, uma policial havia sido baleada durante uma checagem de rotina em Garges-lès-Gonesse, ao norte de Paris. O suspeito também roubou o carro de uma mulher. Não se sabe o estado de saúde da agente de segurança. Após as autoridades inicialmente mostrarem dúvida sobre uma eventual relação, ela foi confirmada posteriormente. O suspeito já seria alvo de vigilância.

? Este mesmo homem, um muçulmano radicalizado conhecido dos serviços de Inteligência e o sistema de Justiça, pegou uma arma de assalto no terminal sul de Orly ? disse uma fonte policial.14898334685821.jpg

O ministro do Interior, Bruno Le Roux, confirmou a informação. Ele informou que o suspeito era procurado por roubo armado e esteve preso de março a novembro do ano passado. Sua ficha criminal inclui delitos com roubo e tráfico de drogas.

A França se mantém desde 2015 em estado de emergência após os ataques coordenados que deixaram 130 mortos e foram reivindicados pelo Estado Islâmico. A Operação Sentinela, da qual faz parte o soldado que teve a arma roubada, foi colocada em andamento naquele ano como parte do decreto do presidente François Hollande.

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