Cotidiano

Entidades alimentícias criticam postura da PF na Operação Carne Fraca

65802846_Curitiba PR 17-03-2017 - Coletiva de imprensa sobre a Operação Carne Fraca para combater c.jpg

SÃO PAULO – A Associação Brasileira da Proteína Animal e a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne criticaram a forma como a Polícia Federal levou ao público a Operação Carne é Fraca, deflagrada na semana passada. Os presidentes da Abpa, Francisco Sérgio Turra, e da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, repetiram o que tem dito desde o início do escândalo, de que está havendo “avaliação e julgamento de situações que ainda não foram investigadas”, garantiram que se há algum problema na cadeia é “pontual” e defenderam que os “possíveis criminosos sejam punidos”.

carnefraca_2003

? Há uma situação sendo generalizada. Agora é a hora de separar o joio do trigo. O que não queremos é que todos sofram com essa imagem negativa que foi criada ? reforçou Camardelli.

Falando sobre as medidas adotadas por cada país importador de carne do Brasil, os executivos detalharam que o que há de oficial é que a China suspendeu a operação de recebimento de contêineres de carne brasileira até que o governo explique oficialmente o que ocorreu; a União Europeia pediu explicações; e a Coreia do Norte ampliou de 1% para 15% o volume de carne testada antes de entrar no país.

LEIA MAIS: Carne brasileira já começa a sofrer barreiras no exterior

CONFIRA: Seis cuidados na hora de comprar carne

VEJA TAMBÉM: Fazendeiros europeus exigem que Mercosul garanta rastreabilidade do gado brasileiro

Em contrapartida e para evitar desdobramentos maiores, o Ministério da Agricultura suspendeu a atividade de quatro plantas exportadoras à União Europeia, as quais uma é produtora de carne bovina, uma de ave e uma de equinos. No total, segundo a Abiec e a Abpa, há sete plantas com atividades suspensas, as quatro já citadas, outras duas de carne suína (as do frigorífico Pecim, citado no documento da Justiça como a unidade que adicionava carne de cabeça de porco na linguiça) e uma de mel.

Perguntados sobre fatos específicos que constam nos documentos da Justiça que autorizou o início da Operação, como por exemplo a adição de cabeça de porco à linguiça, que consta em diálogo interceptado entre diretores do frigorífico paranaense Pecim, eles rechaçaram a atitude, ponderando que ela deve ser investigada, mas também reforçaram que não poderiam comentar sobretudo porque o Pecim não é associado à Abpa nem a Abiec.

carnefraca2_2003

Eles também criticaram duramente outras conclusões da Operação, como a de que o ácido ascórbico é um produto cancerígeno.

? Ácido ascórbico é vitamina C. Quem.toma suco de laranja consome bastante essa substância ? disse Turra, da Abpa.

LEIA MAIS: ?Se Deus quiser, vai terminar bem?, diz Temer sobre escândalo da carne

CONFIRA AINDA: Vigilância Sanitária encontra carne estragada e em temperatura inadequada no Rio

Duras críticas também foram feitas às alusões de que a JBS incluira papelão na carne. A própria empresa foi a público dizer que o funcionário se referia ao papelão da embalagem e não à adição do item na produção do produto.

? Isso é um absurdo. Quem disse isso não tem noção nem do custo do papelão, que é mais alto que o de farinha.

O esforço de reconstrução da credibilidade da indústria nacional inclui, segundo eles, o convite a jornalistas internacionais para conhecerem as plantas brasileiras de produção de carne. Apesar da preocupação dos executivos, os representantes das entidades admitem que é difícil que o Brasil tenha mercados externos roubados, primeiro pela alta capacidade produtiva nacional e também pela pouca competitividade de outros países.

? Na Europa o maior produtor de carne bovina são os irlandeses. Eles podem conseguir um pedaço do mercado europeu. Em frango, nossos principais competidores são os EUA e o Canadá, mas ainda assim não têm potencial para produzir tanto quanto nós ? disse Rui Vargas, diretor técnico da Abpa.