Esportes

Megarrestaurante oferecerá 400 opções de pratos na vila olímpica

201605251718043523.jpgNada de nuggets para Usain Bolt no restaurante principal da vila olímpica. Na Rio-2016, os atletas que quiserem comer hambúrguer e afins terão de se arriscar na zona internacional, onde familiares e jornalistas circulam livremente. De Atlanta-1996 a Londres-2012, uma lanchonete foi construída na área exclusiva e até Bolt abusou ? ele garante ter comido quase mil pedaços de frango empanados enquanto esteve na vila em Londres. Mas isso não quer dizer que as estrelas não passarão por fortes emoções: tortas, sorvetes e outros itens estarão à disposição 24 horas por dia.

? É preciso força de vontade e disciplina porque é comida de todo tipo, a toda hora, e na quantidade que quiser. Para os novos, a tentação é maior porque não engordam ? diz Nalbert, ex-capitão da seleção de vôlei. ? Na primeira Olimpíada, em Atlanta (1996), com 22 anos, comi hambúrguer mesmo. Tinha até fila. Em Sydney-2000, com 30, não dava.

Nalbert conta que os jogadores de vôlei sempre estavam concentrados. Era raro encontrá-los fora da dieta. Como capitão, ficava de olho em possíveis deslizes dos colegas. Não lembra de saias justas, mas diverte-se ao citar a comemoração pelo ouro em Atenas-2004:

? Tomo mundo caiu no Mc Donald?s.

Giba, que foi a quatro Olimpíadas, de Sydney a Londres, fazia dieta para engordar. No refeitório, optava por refeições balanceadas, mas levava cookies e achocolatado para o quarto. O problema é que seu parceiro era o ex-levantador Ricardinho, que controlava o peso:

? Ele entendia que eu podia comer. Tinha de fazer cinco refeições por dia, tomar shakes calóricos para manter o peso. E sempre preferi doces.

É uma Disneylândia! Mas antigamente era pior. Em Sydney, as ginastas ficaram apavoradas com tanto sorvete. Agora, a grande maioria tem informação, acompanhamento de nutricionista, é bem preparada para isso

A ginasta Jade já não pode se dar a esse luxo. Como sobe na balança diariamente, não pode bobear. Assim, segunda-feira é o pior dia, coladinho ao domingo, quando ?se solta mais?.

? O período mais sacrificante é anterior aos Jogos, quando nos preparamos para chegar ao peso ideal. Vale a pena o sacrifício durante a Olimpíada. É por pouco tempo, e o objetivo é maior ? prega a ginasta. ? Nesses torneios, dá para sacar quem já encerrou a participação olhando o prato.

Marcus Vinícius Freire, diretor executivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB), diz que hoje em dia o pecado da gula é bem menor. Aposta na informação para taxar que os atletas, de uma forma geral, não perderão a linha:

? É uma Disneylândia! Mas antigamente era pior. Em Sydney, as ginastas ficaram apavoradas com tanto sorvete. Agora, a grande maioria tem informação, acompanhamento de nutricionista, é bem preparada para isso.

A nutricionista do COB, Renata Parra, endossa a tese do chefe ao acrescentar que os atletas de elite já passaram por mudança de hábitos alimentares.

? A dica é lembrá-los da importância desse evento e como uma escolha pode interferir no resultado. Se priorizarem os alimentos necessários e deixarem as tentações por último, quando estiverem saciados, o consumo será menor.

TENTAÇÃO CHAMADA CALDO DE CANA

201605251717573521.jpg Os esgrimistas Rayssa Costa e Fernando Scavasian estão aliviados que, nos Jogos do Rio, não terá caldo de cana nem pastel. A combinação é a perdição do casal.

? Que bom! Todo domingo abrimos uma exceção na dieta para isso ? confessa Fernando, que vai estrear na Olimpíada. ? Nas vilas pan-americanas também tem muita comida. Sei que foi um aperitivo do que vem pela frente.

Adepto do arroz, feijão, carne, batata e salada, ele afirma que há tempos segue os mandamentos da nutricionista do clube Pinheiros. Não toma refrigerante, adora sucos, come chocolate de forma controlada e consome apenas duas latinhas de cerveja na folga.

? Para um velocista ou nadador, a pressão deve ser maior. Seguirei a minha dieta, mas se rolar um bolinho de bacalhau, não vai me matar.

O atleta tem de ter disciplina. Assim como acorda cedo e vai treinar, tem de controlar o que come

Rayssa, ex-modelo, é determinada. Desde que percebeu que desliza na pista com mais facilidade quando não abusa do garfo, mantém a dieta com poucos carboidratos e doces.

? O atleta tem de ter disciplina. Assim como acorda cedo e vai treinar, tem de controlar o que come. Faz parte da nossa rotina ? ensina a esgrimista. ? No café da manhã, no Pan de Toronto, tinha de passar pelas geleias, pastas de amendoim e chocolate para chegar no pão integral. Olhava, mas não pegava nada disso. Quando ganhamos o bronze por equipes, tomei sorvete e comi doces. Uma espécie de prêmio.

NUTRICIONISTAS DE PLANTÃO

Flávia Albuquerque, gerente de alimentos e bebidas da vila, e que comandará toda a operação de alimentação no local, revela que além do gigantesco restaurante principal, a vila terá uma versão casual (com churrasco) e bares nas piscinas (com café da manhã). Já Marcello Cordeiro, diretor de alimentos, bebidas e limpeza e gestão de resíduos do Rio-2016, destacou o uso de 4 milhões de pratos em material compostável (se desfaz com o tempo e é rico em nutrientes para o solo) e o cuidado para garantir principalmente as proteínas, como as carnes, livres de produtos químicos e hormônios.

Olimpíada Rio-2016 em 28 de maio

? Nutricionistas ficarão de plantão para tirar dúvidas. Cada prato terá informações nutricionais em português, inglês e francês. O cardápio é variado para atender a todos e haverá opção vegetariana, sem glúten, sem lactose ? explica Flávia.

Para dar conta da demanda, 2.100 pessoas trabalharão na cozinha em três turnos, além de chefs especializados no tempero asiático, caribenho, africano e coreano, por exemplo. Entre as curiosidades do cardápio, Flávia cita a importação de 4 toneladas de kimchi, uma conserva de acelga coreana (que não foi possível preparar aqui), e as refeições kosher, para cerca de 300 atletas. No restaurante, não haverá peixe cru, somente as opções quentes da culinária japonesa. Já o açaí estará em geladeiras espalhadas pela área externa do restaurante casual, além de mais de 40 opções de frutas. Não haverá bebida alcoolica.

Outro mimo para os atletas será a padaria própria, que vai garantir bolos, croissant, tortas e pães fresquinhos. O cardápio ainda não está fechado e passará por aprovação do Comitê Olímpico Internacional.

? Ainda bem que nessa edição não ficarei na vila. O que o olhos não veem, o estômago não sente ? brinca Poliana Okimoto, da maratona aquática, que se hospedará em hotel em Copacabana. ? Não sou das mais empolgadas com comida, mas em Pequim-2008, depois da prova, não resisti ao hambúrguer. Comi uns três dias seguidos.