A chuva na manhã e no início da tarde desse domingo atrapalhou o Mano a Mano, desafio disputado em pista de 100m, homologada pela IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) e montada sob a água, na Quinta da Boa Vista, no Rio. Mas não o suficiente para dar zebra: o norte -americano Justin Gatlin, a estrela do evento, venceu o desafio com 10s19, tempo bem acima do que tem feito nas provas da Liga Diamante deste ano, quando corre abaixo dos 10 segundos (fez 9s88, com vento acima do permitido, e 9s93 como melhor marca pessoal no ano). Simpático, Gatlin ganhou a bandeira do Brasil de um torcedor fantasiado, com uma tocha na mão, e guardou na mochila. Disse, inclusive, que vai trazê-la de volta quando vier aos Jogos Olímpicos em agosto.
Atrás dele, chegou Richard Thompson, com 10s29, e os brasileiros Vitor Hugo, com 10s42, e José Carlos, com 10s60.
– A pista estava boa, mesmo com a chuva. Nunca tinha corrido na água, quero ver se existe alguma espécie de recorde disso – disse Gatlin, bem-humorado, que após maratona de provas e viagens, disse que agora volta para casa para treinar. – Um torcedor foi tão generoso de me dar sua bandeira (antes da prova), estava fantasiado, guardei e vou trazer de volta na Olimpíada. Também me surpreendeu quando começou a chover e o público não foi embora, abriu o guarda chuva.
No feminino, a vencedora foi a brasileira Rosângela Santos,que marcou 11s23, à frente da norte-americana Carmelita Jeter, com 11s36. Essa é a segunda vez que a brasileira derrota Carmelita no desafio (também venceu em 2014). A brasileira Kauiza Moreira fez 11s64, e Cleo Vanburen, dos EUA, 11s65.
Tanto Carmelita quanto Rosâgela disseram que apesar das marcas, a prova foi de alto nível e que correram “para valer”.
– Estou me preparando para os Jogos então esse tempo foi o esperado, repetir o índice. Me ajuda a ganhar confiança. Apesar da chuva foi uma grande prova. A pista balança mesmo mas é por causa da estrutura, quica um pouco mais do que normal. E serve sim de parâmetro. Corremos como numa final olímpica. Sei que terei adversarias mais fortes mas foi para valer. Tenho de melhor muito, não é pouco. Tenho de fazer 10s90 ou 10s80 para ir a final. Tenho tempo para chegar lá. Dá uma certa ansiedade mas sei que posso chegar lá.
Já Carmelita, ouro nos 4x100m, prata nos 100m e bronze nos 200m em Londres-2012, disse que a instabilidade da pista prejudicou e que espera sol em agosto, não mais chuva:
– Claro que corremos rápido e esse é um grande evento para estar. Espero que nos Jogos o tempo não seja assim. Estava um clima bom, mas espero que não tenhamos chuva de novo – declarou a americana que disse que nunca tinha corrido numa pista montada sob a água.
Rosângela, que tem como melhor tempo da carreira 11s04, admitiu que precisa melhorar muito para ficar entre as oito melhores e disputar uma final olímpica (11s01, o último tempo da decisão).
Quem destoou no evento foi o brasileiro Alan Fonteles, que fora de forma fez água. Ficou em último lugar no desafio paralímpico, com 12s04. O vencedor foi Arnu Fourie, da África do Sul, com 11s18, seguido por Michail Seitis, da Grécia, com 11s28.
Nessa prova, o norte -americano Richard Browne sentiu o músculo posterior da coxa esquerda e caiu na pista. Foi retirado de maca. Ele já sentia dores no local antes da prova. Quando saiu da pista, após aquecimento, de cadeira de rodas. Mas foi para a prova mesmo assim.
– Estava esperando um tempo melhor. Não botando a culpa, mas já botando, o Richard (Browne) caiu do meu lado. Acabou com a minha corrida toda.
Alan admitiu que está em 70% da forma e que não sabe se chegará a Paralímpiada com o mesmo corpo do Mundial de Lyon, na França, em 2013, quando pulverizou is recordes do aul-africano Oscar Pistorius.
– A impressão do meu treinador é outra (fora de forma). E ele tem certeza que chegarei na Paralimpíada bem. Ainda tenho tempo até lá, uns três meses, e estou treinando forte. Chegarei na melhor forma possível – declarou o corredor, que priorizar a prova dos 200m. – Quero defender esse titulo em casa e conforme for, vejo o que vai acontecer com as outras provas.
