RIO ? Com muita comida e música típica, a comunidade peruana que vive no Rio se reuniu para votar neste domingo, em Botafogo, sem muito entusiasmo com os candidatos que disputam o segundo turno. A maioria prefere fazer um voto útil ? seja por Keiko Fujimori ou por Pedro Pablo Kuczynski ? mas sem concordar com as propostas apresentadas pelos dois candidatos. Peru_0506
? Pra ser sincero, não sou muito fã em nenhum dos dois mas prefiro Kuczynski do que votar pela máfia que ficou no poder por 12 anos. Keiko não quer assumir o passado do pai, mas vemos que são as mesmas pessoas que estão ali. As coisas no Peru só melhoraram depois do que Fujimori saiu do poder ? opina o arquiteto Victor Lau, que mora há 18 anos no Brasil. ? Voto nele como voto útil. E pelo que tenho conversado com meus amigos todos estão fazendo o mesmo.
Pedro Pablo Kuczynski, ex-economista, tem capitalizado os votos anti-Fujimori nos últimos dias. Boa parte da população receia que Keiko ? que teve 52,3% dos votos no primeiro turno ? vá reeditar o estilo autoritário de governar do pai, Alberto Fujimori, preso desde 2007 por crimes de lesa-Humanidade. A corrupção dentro do partido Força Popular também afasta os eleitores.
? O secretário-geral do partido está sendo investigado por lavagem de dinheiro. Não posso votar nessa legenda ? diz Lau, que gostaria que a canidata de esquerda, Verónika Mendoza, estivesse no segundo turno.
Mas há quem ainda prefira Keiko, apesar do passado. O economista Cristian Urtecho ? que trabalha como guia turístico no Rio ? menciona a melhora da economia durante o governo de Fujimori.
? Quando estava na faculdade, em 1996, fizemos uma análise profunda sobre a economia durante o mandato de Fujimori e ela melhorou ? diz ele, que reclama da falta de estabilidade no país. ? Nenhum dos candidatos colocou foco na estabilidade de trabalho, que é o grande problema do Peru. As leis são feitas para agradar o grande empresariado, não o trabalhador médio. E Kuczynski é o símbolo do grande empresariado.
A insegurança, que explodiu nos últimos anos, é um dos motivos que pode levar o fujimorismo de volta ao poder. O economista, no entanto, não nega que o passado incomode.
? A verdade é que nenhum dos candidatos me agrada. Em vez de propor algo, eles se atacavam durante o debate. As propostas apresentadas eram mínimas.
No Peru, Keiko tomou seu tradicional café da manhã eleitoral ainda cedo pela manhã, em um luxuoso restaurante. Ela mesma fez sua comida, do marido e das duas filhas.
? Votemos pensando no Peru ? pediu ela, que liderava nas pesquisas antes do último debate, mas agora está empatada tecnicamente com o rival, segundo as últimas pesquisas de opinião.