CIDADE DO PANAMÁ ? O Ministério Público do Panamá denunciou por lavagem de dinheiro 17 pessoas, incluindo vários empresários e ex-funcionários do governo, envolvidas no esquema de pagamento de propina do grupo brasileiro de engenharia Odebrecht.
A procuradora-geral Kenia Porcell se recusou a identificar os acusados, mas a imprensa local informou que entre os nomes estão três ex-funcionários do ex-presidente Ricardo Martinelli, que atualmente vive nos Estados Unidos e está sendo investigado separadamente por corrupção no Panamá.
A Odebrecht, que se tornou uma das principais empreiteiras no país sob o governo de Martinelli, concordou verbalmente neste mês em pagar 59 milhões de dólares em compensações pelos suborbos pagos no país caribenho para ganhar licitações entre 2010 e 2014.
A cifra equivale ao montante que a Odebrecht admitiu pagar a autoridades e intermediários no país, em acordo anunciado em dezembro na justiça norte-americana.
No Panamá, a Odebrecht realizava obras na usina hidrelétrica Chan II, em um contrato de US$ 1 bilhão, de 2014. O governo panamenho anunciou o cancelamento desse contrato, que previa construção e operação da usina por 50 anos pela empreiteira. A empresa já concluiu várias obras no país, como a ampliação do metrô na Cidade do Panamá; o projeto Curundú, com 1.008 unidades habitacionais; a primeira fase do projeto de saneamento da capital e a expansão do aeroporto internacional de Tocumen.
Na terça-feira, o presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, disse que a Odebrecht deve vender seus projetos e deixar o país. A empreiteira reconheceu o pagamento de subornos no Peru que somam 29 milhões de dólares em troca de licitações de obras públicas entre 2005 e 2014, nos governos dos ex-presidentes Alejandro Toledo, Alan Garcia e Ollanta Humala.
No fim de dezembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos apontou que a Odebrecht e a Braskem, braço petroquímico da empresa, pagaram US$ 1 bilhão de propinas a mais de cem projetos em 12 países, no que foi qualificado pelos investigadores americanos como ?o maior caso de pagamento de suborno da História?. As duas empresas admitiram os repasses ilegais em acordo de leniência com as justiças brasileira, americana e suíça. Os esquemas teriam ocorrido de 2001 a 2016.