CARACAS ? O líder opositor venezuelano e governador de Miranda, Henrique Capriles, convocou nesta terça-feira a população a ?ignorar? o estado de exceção decretado pelo presidente Nicolás Maduro se o Parlamento rejeitar a medida e insistiu na convocação de um protesto para exigir a aceleração do processo para um referendo revogatório contra o mandatário.
? Se a Assembleia Nacional rejeitar este decreto, muito provavelmente caberá a nós, venezuelanos, caso se insista na vigência do decreto, ignorar o decreto ? disse Capriles.
A maioria opositora no Parlamento debaterá nesta terça-feira a medida, com a qual Maduro se atribui amplos poderes para enfrentar a crise econômica e conter a ofensiva para afastá-lo do poder.
A Assembleia vai examinar o decreto, como determina a lei, mas deve rejeitar o texto, o que deixará a palavra final com o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que a oposição acusa de ser um apêndice do governo.
? Todos os atos que consideramos que são nulos ao violentar a Constituição (…) por este decreto não os atendamos ? disse Capriles.
O líder opositor reiterou a convocação de uma mobilização na quarta-feira até a sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), em Caracas, para exigir rapidez na validação das assinaturas apresentadas para ativar o referendo revogatório.
Apesar do decreto de Maduro não citar restrições ao direito de protesto e reunião, habilita o governo a ?executar planos especiais de segurança que garantam a ordem pública?. O governo anunciou que não dará permissão à passeata, o que será um teste para o estado de exceção.
Capriles, que lidera a proposta do referendo revogatório, perdeu por pequena margem a eleição presidencial de 2013 para Maduro, a quem chama de ilegítimo.
A oposição deseja a realização do referendo ainda este ano, porque se a votação acontecer depois de 10 de janeiro de 2017 ? quando o atual mandato presidencial completa quatro anos ? e Maduro perder, os dois anos restantes serão completados pelo vice-presidente, designado pelo chefe de Estado.
Frente a resistência do governo, o líder opositor e governador de Miranda, Henrique Capriles, conclamou os venezuelanos a continuarem pressionando para que o referendo seja realizado ainda em 2016. Caso a consulta ocorra somente no próximo ano, o vice-presidente assumiria e não seriam convocadas novas eleições
? Tempo dá, mas temos de estar na rua exigindo que as normas sejam cumpridas ? insistiu Capriles.
Freddy Guevara, do partido Vontade Popular, por sua vez, disse que os venezuelanos já perderam a paciência e a única saída é a destituição de Maduro.
? Não podemos desmotivar ? ressaltou Guevara, para quem o governo está ?brincando com o fogo?.
Apesar da pressão da oposição, o vice-preisdente, Aristóbulo Istúriz, e outros dirigentes governistas descartaram a possibilidade de que o mandato de Maduro seja revogado.