Cotidiano

Entre o desconhecimento e críticas, artistas reagem à indicação de Calero

RIO ? A classe artística manteve as críticas ao governo interino de Michel Temer e reagiu com desconhecimento à indicação de Marcelo Calero à Secretaria de Cultura. Nesta quarta-feira, o político, que exerce função semelhante na administração de Eduardo Paes, prefeito do Rio, foi confirmado na pasta, após alguns dias de especulações.

Procurados pelo GLOBO, diversos artistas não quiseram se manifestar e alegaram não conhecer o novo trabalho do novo secretário. Quem está familiarizado com a história de Calero, também não gostou da medida de Temer e pediu a volta do Ministério da Cultura.

Confira a repercussão:

Paula Lavigne, produtora:

? Não temos nada contra Calero, mas não reconhecemos a secretaria. Nossa posição é exigir o MinC de volta. Nossa batalha é essa e só saímos daqui (da ocupação no Palácio Capanema) com isso.

Luiz Carlos Barreto, cineasta:

? Não é questão de ser contra ou a favor do Calero. Somos contra a extinção do Ministério da Cultura. Para nós, não interessa discutir quem será o secretário, e sim se será mantido o MinC. O projeto cultural brasileiro virou uma peteca. E (a secretaria) foi recusada por mulheres, o que só prova, mais uma vez, que as mulheres têm mais senso de responsabilidade do que os homens. É impensável que um ministério de tamanha importância tenha sido oferecido num balcão do governo.

Anna Muylaert, cineasta:

? Infelizmente não tenho o que dizer: Não o conheço, nem reconheço a legitimidade desse governo.

Ivan Sugahara, diretor teatral:

? Acho muito ruim ele aceitar. Acho uma pena, porque ele estava fazendo um bom trabalho na secretaria municipal, apesar de enfrentar problemas. Acho delicada a decisão dele. Ele ir para lá significa que ele reconhece e legitima esse governo interino, e compactua com a redução da importância da Cultura dentro desse governo, o que é grave. A extinção do MinC por Temer demonstra que a Cultura não é item prioritário desse governo que eu, particularmente, não reconheço como legítimo.

Irene Ravache, atriz:

? Primeiro, começaram a surgir várias nomes de mulheres para ocupar o posto. Acho isso de uma infantilidade. Para mim, não importa se será homem ou mulher. É a competência da pessoa que está em jogo. Quando soube que o Secretário poderia ser o cineasta João Batista de Andrade eu fiquei feliz. É um homem que admiro. Eu não tenho muita informação sobre a atuação do Marcelo Calero no Rio. De qualquer maneira, estamos num momento de extrema atenção aos acontecimentos políticos. O MinC tinha sido uma grande conquista para nós. Mas, infelizmente, a classe política é notoriamente desligada da Cultura.