Brasília – Dores musculares intensas, crônicas e incapacitantes, comprometendo muito sua qualidade de vida são sintomas vividos diariamente por cerca de 2,5 milhões de brasileiros que convivem com a fibromialgia – uma síndrome de causas desconhecidas, que causa fortes dores, cansaço, desestabilizando-os emocionalmente e privando do sono. É para chamar a atenção para a fibromialgia que médicos especialistas e suas entidades realizam o “Fevereiro Roxo”, campanha que ocorre durante todo este mês.
“É fundamental que a população conheça e se conscientize sobre a fibromialgia para que ela possa ser identificada ainda em fase inicial e seus sintomas sejam controlados ou retardados, oferecendo melhor qualidade de vida aos pacientes acometidos por esta síndrome”, afirmou o médico fisiatra Celso Vilella Matos, presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação.
Embora a fibromialgia não tenha cura, o médico ressaltou que o tratamento adequado conduzido pelo médico fisiatra e outros profissionais de saúde, pode reduzir significativamente os sintomas e melhorar a qualidade de vida. “A adesão a programas regulares de reabilitação física, aliados ao suporte emocional, é essencial para o sucesso terapêutico”, afirmou Matos.
A fibromialgia é uma doença que se caracteriza por dores persistentes no corpo, fadiga, distúrbios do sono, rigidez muscular, alterações cognitivas como dificuldade de concentração e sintomas emocionais, como ansiedade e depressão. “Além da dor, os pacientes frequentemente relatam outros sintomas debilitantes, como fadiga extrema, distúrbios do sono e comprometimento cognitivo, conhecido como “fibro fog”, o nevoeiro mental”, explicou o médico.
Reabilitação
A abordagem médica inclui um plano de reabilitação personalizado e adequado a cada paciente, visando restaurar a funcionalidade e respeitando as limitações de cada um, o uso de terapêuticos como eletroterapia, ultrassom e técnicas de relaxamento muscular para alívio da dor.
Apesar de não se ter certeza ainda das causas exatas, os médicos fisiatras e outros profissionais acreditam que a síndrome seja causada por um desequilíbrio no processamento da dor pelo sistema nervoso central, além de influências genéticas, estresse e traumas físicos ou emocionais.
“A fibromialgia não é inflamatória nem degenerativa, mas afeta significativamente a qualidade de vida e a funcionalidade do paciente”, pontuou Matos. Os sintomas variam em intensidade e frequência, mas geralmente incluem: dor generalizada, sensação de dor em diversas partes do corpo, muitas vezes descrita como ardência, latejamento ou rigidez; fadiga intensa: sensação de cansaço mesmo após longos períodos de descanso; distúrbios do sono: dificuldade em adormecer ou em atingir fases profundas do sono, o que perpetua a fadiga; problemas cognitivos: dificuldade de concentração, lapsos de memória e sensação de confusão menta e outros sintomas: cefaleias, síndrome do intestino irritável, ansiedade e depressão.
Tratamento
O tratamento, que pode envolver o fisiatra e outros profissionais, como fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista, demonstrou ter resultados muito positivos na saúde e bem-estar dos pacientes. “A terapia reduz significativamente a dor e dependência de medicamentos, melhora a qualidade do sono e amplia de forma importante a capacidade do paciente realizar atividades diárias, inclusive, físicas e, desta forma, conseguimos recuperar o bem-estar físico do paciente”, finalizou.
Paraná
No Paraná, a fibromialgia é considerada uma deficiência, de acordo com a Lei Estadual nº 546/2021. A lei garante os mesmos direitos e garantias às pessoas com fibromialgia que às pessoas com deficiência. A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou o projeto de lei em outubro do ano passado.
A fibromialgia, reconhecida no Catálogo Internacional de Doenças desde 2004, sob o código CID-10 M79.7, é uma doença crônica e multifatorial que causa dores generalizadas. As diretrizes da Política Estadual incluem atendimento multidisciplinar, participação da comunidade na formulação de políticas públicas, disseminação de informações relativas à doença, incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados e estímulo à inserção da pessoa com fibromialgia no mercado de trabalho. Além disso, a medida busca fomentar a pesquisa científica sobre o tema.