Cascavel – O primeiro turno das eleições municipais de 2024, realizado no último domingo (6), não apenas definiu prefeitos e vereadores em várias cidades do Brasil, mas também deu o tom para a disputa presidencial de 2026. O desempenho dos partidos nas eleições municipais oferece uma prévia do cenário político para os próximos anos, especialmente em relação ao fortalecimento das correntes ideológicas e os impactos nas para as eleições gerais.
Os partidos de direita mostraram um crescimento expressivo em 2024, ampliando o número de prefeituras sob seu comando. De 2.502 prefeituras conquistadas em 2020, eles saltaram para 2.626, um aumento de 5%, marcando o melhor desempenho da direita desde o ano 2000. Em contraste, a esquerda sofreu um declínio, com a perda de 110 prefeituras. Em 2020, as legendas de esquerda governavam 852 cidades; em 2024, o número caiu para 742. Contudo, o quadro ainda pode sofrer alterações, já que 52 cidades terão segundo turno.
Os partidos de centro apresentaram um cenário de estabilidade, com uma leve retração. Em 2020, o centro governava 2.143 cidades, número que caiu para 2.103 em 2024, uma perda de 40 prefeituras.
PL x PT
Apesar da queda geral da esquerda, o partido do presidente Lula, o PT, conseguiu eleger 248 prefeitos, 66 a mais que em 2020. Mesmo assim, o partido ainda está distante de seu auge, registrado em 2012, quando venceu em 635 cidades. Por outro lado, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, obteve um avanço significativo, conquistando 512 prefeituras, um aumento de 168 cidades em relação a 2020. Esse é o maior número de municípios sob o comando do PL em toda a sua história.
O PL foi o terceiro partido com maior crescimento nominal em comparação com 2020, ficando atrás apenas do PSD, que saltou de 657 para 882 prefeituras, e do Republicanos, que dobrou o número de prefeituras, passando de 213 para 436.
Nenhum partido conseguiu alcançar o marco de 1.000 prefeituras, algo que não ocorre desde 2016, quando o MDB conquistou esse feito. Em 2024, o MDB obteve 856 prefeituras, ficando atrás apenas do PSD. No entanto, o MDB teve destaque no número de vereadores eleitos, com 8.109 representantes nas câmaras municipais, 757 a mais que em 2020. O PP e o PSD também aumentaram sua presença nas câmaras municipais.
Cenário no Paraná
No estado do Paraná, o PSD do governador Ratinho Junior conquistou 162 das 399 prefeituras do estado. O número ainda pode aumentar, já que a sigla disputa o segundo turno em Curitiba e Londrina. O segundo partido com mais prefeituras a partir de 2025 será o PP de Ricardo Barros, que venceu a eleição em 60 municípios e pode ganhar mais um caso vença em Londrina, com Maria Tereza.
No Paraná, o PT conquistou apenas três cidades. O PL de Jair Bolsonaro alcançou 52 prefeituras no Paraná, seguido do MDB com 30 e pelo União Brasil com 28 cidades. O Republicanos ficou com 16 prefeituras e o PSB com 14. O PSDB ganhou em nove cidades, mas pode chegar a 10 caso a deputada estadual Mabel Canto vença em Ponta Grossa.
O Podemos venceu em oito municípios, o PDT em cinco cidades, o PRD três, o Cidadania duas e o Novo e Solidariedade conquistaram apenas uma prefeitura.
Mais fortes para 2026
Além do número de prefeituras conquistadas, os nomes de líderes políticos que saem fortalecidos das eleições municipais de 2024 também indicam tendências para 2026. Figuras da direita tradicional, como Ratinho Junior (PR), Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO), tiveram sucesso com seus candidatos no primeiro turno ou estão bem posicionados para o segundo turno, consolidando suas influências para o futuro.
Por outro lado, figuras emergentes como Pablo Marçal (PRTB), apesar de derrotado em 2024, já começam a articular sua trajetória para as eleições de 2026, sinalizando novos nomes no cenário nacional.
Municípios com eleitorado maior do que população ‘dobra’ nas eleições de 2024
Brasília – Um estudo apresentado pela CNM (Confederação Nacional de Municípios), mostra ocorreu um novo recorde de Municípios com eleitorado maior que o total da população local. O total de cidades nesse cenário passou de 493 nas eleições de 2020 para 845 em 2024.
Na análise da CNM, o fenômeno pode estar relacionado a efeitos migratórios das cidades de pequeno porte, como o caso daqueles que se mudam por motivações econômicas e educacionais, mas que retornam à cidade natal para exercer o voto. Goiás (40%), Piauí (35%) e Paraíba (34%) são os Estados que proporcionalmente mais concentram Municípios com mais eleitores do que população. Nos números absolutos, o recordista é Minas Gerais, com 212 Municípios, equivalente a uma em cada quatro cidades do Estado, seguido por Goiás (99) e São Paulo (89).
Em 16 Municípios, a quantidade de eleitores é o dobro da população local. Em outras 24, a diferença supera o percentual de 50%. As duas menores cidades do país em termos de população estão enquadradas nessa categoria: Serra da Saudade, em Minas Gerais (854 habitantes e 1.294 eleitores) e Anhanguera, Goiás (921 habitantes e 1.710 eleitores).