MILAGRE E SUPERAÇÃO

“Temos duas vidas: uma quando nascemos e outra quando percebemos que só temos uma”

“Temos duas vidas: uma quando nascemos e outra quando percebemos que só temos uma”
Reprodução | Redes Sociais

A história do influencer digital do monociclo ou o João do Monociclo como é conhecido nas redes sociais tomou um grande repercussão nesta semana em toda a imprensa. A foto dele faltando parte da cabeça foi vista por muitas pessoas que se perguntaram como que pode uma pessoa sobreviver faltando uma parte do crânio? Além disso, outro fato bastante inusitado no meio disso tudo é que ele conviveu por meses com parte da sua calota craniana dentro do seu abdômen, o que causa ainda mais estranheza.

João Cristofoli, 25 anos, é morador de Toledo e tem mais de 403 mil seguidores que acompanham as suas entregas com o monociclo. Há oito anos ele utiliza o equipamento que não é muito comum para se locomover, o monociclo ganhou o gosto dos seguidores que acompanhavam as suas aventuras em cima de apenas uma roda. Em março deste ano, João sofreu um grave acidente e teve traumatismo craniano passando a mudar a sua história de dia de alegria para dias de luta pela sobrevivência.

Ele contou que não se lembra de nada do dia do acidente e nem do dia anterior, já que estava vivendo normal e de repente acordou em um hospital sem saber o que tinha acontecido. “Entre o acidente e o tempo do coma foram dez dias que se passaram da minha vida que eu não me lembro de nada”, disse. Depois do coma ele ficou mais 14 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e mais um mês na enfermaria, até ganhar alta.

Quando ele acordou e tomou consciência do que estava acontecendo, descobriu que tinha passado por uma craniotomia descompressiva que é uma cirurgia que visa reduzir a pressão intracraniana de forma imediata. É um procedimento cirúrgico crucial para tratar condições neurológicas graves e que visa aliviar a compressão do cérebro. Parte do crânio dele foi retirada e alojada no abdômen.

“Lembro que acordei num hospital, com oxigênio, tubos e quando eu vi a minha família foi a melhor coisa do mundo”, relatou. João, que sempre esteve nas redes sociais, acabou ganhando ainda mais repercussão, mas não aceitava o acidente porque não se lembrava de nada do ocorrido.

“Fiquei muito tempo em negação porque não lembrava e foi difícil lembrar-me das coisas, demorou eu ter uma consciência plena, que só ocorreu muito tempo depois”, contando ainda que passou alguns dias bastante agressivo até tomar consciência de todo o fato”.

Mesmo com todo o sofrimento, João reconhece que o procedimento salvou a sua vida e permitiu que estivesse aqui hoje, já que cumpriu o seu papel que é o de evitar que o cérebro tenha lesões. O crânio acabou sendo recolocado no lugar 90 dias depois e, segundo João, foi um período bastante delicado. “O detalhe é que a cabeça ficou sem um pedaço e tive que cuidar muito para não ter outro acidente, porque eu tinha muito medo de bater a cabeça e de carregar uma parte do osso dentro de mim, uma situação que não esperava, inusitada e complicada e eu sentia que tinha algo que não era para estar ali”, relatou ele, contando que até brincava com os amigos que “pegavam no osso”.

Coragem e fé

Com a situação superada e o estado de saúde estável, voltando à vida normal, João disse que sua intenção é de mostrar para as pessoas essa técnica e dar força para outros que estejam em situação parecida com a dele tenham coragem e fé. “O apoio da minha família foi o mais importante e a primeira fala que eu disse para o meu pai quando eu o vi pela primeira vez depois do acidente foi de que só de ele estar ali eu já me sentia melhor”, relembrou.

Para João, que aos poucos está voltando a sua rotina, muitas pessoas o ajudaram a superar essa fase, além da família, os amigos e os seus seguidores, que, aliás, perguntam sempre se ele voltará a andar de monociclo e sobre isso, ele disse que analisando o acidente acredita que não foi culpa do equipamento e que um dos seguidores fez um comentário que chamou a atenção, de que se cada pessoa que sofresse um acidente com um tipo de transporte não voltasse a usar, ficaria complicado.

“Estou analisando e talvez eu volte, não agora porque terei que fazer uma outra cirurgia desta vez na clavícula, mas a mensagem que eu quero deixar é que todos que utilizam um meio de transporte, como um patinete, cuidem e utilizem os equipamentos de segurança, porque é um risco maior”, alertou. “Sou abençoado. Eu tive o segundo nascimento, porque sempre digo que temos duas vidas: uma quando nascemos e outra quando percebemos que só temos uma. Vou levar essas lições e aproveitar essa segunda chance para dar valor a cada momento da vida”, finalizou.