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Investigação busca "segurança no transporte aéreo", diz chefe do Cenipa

Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados
Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Relatório preliminar sobre a queda do avião da VoePass em 9 de agosto, divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), mostra que não houve declaração de emergência por parte da tripulação antes da queda. Divulgado na última sexta-feira (6), o relatório revela as transcrições dos áudios de comunicação entre os pilotos da aeronave e a torre de comando extraídas da caixa-preta. 

O avião saiu de Cascavel (PR) com destino a São Paulo, caiu em Vinhedo, próximo à capital paulista, matando todas as 62 pessoas que estavam a bordo, sendo quatro tripulantes e 58 passageiros. Clique aqui para conferir a lista com os nomes de todas as vítimas.

A investigação do Cenipa sobre o caso prosseguirá e abordará, por exemplo, a situação de manutenção da aeronave, mas a investigação sobre responsabilidade civil e criminal será feita pela Polícia Federal.

Busca por segurança

Chefe do Cenipa, o brigadeiro do ar Marcelo Moreno esclareceu que, diferentemente da investigação judicial, que busca culpados, a investigação feita pelo órgão busca a segurança no transporte aéreo – ou seja, evitar que acidentes como esse se repitam. 

Segundo Marcelo Moreno, a aeronave era própria para voar em formação de gelo, e a tripulação também era treinada para voar nessas condições.  “Aeronave certificada, tripulação treinada, as informações meteorológicas estavam claras, de que a aeronave poderia encontrar gelo severo em sua rota, e em momento algum houve declaração de emergência”, detalhou. 

O brigadeiro informou ainda que, pelo relatório preliminar, é possível precisar que o sistema de degelo da aeronave foi acionado três vezes durante o voo após a indicação de que existia formação de gelo na aeronave, pelo sistema chamado de Eletronic ice detector.

Questionamentos

As declarações foram dadas ontem (10) em audiência pública da comissão externa que acompanha as investigações do acidente com o avião da Voepass. O debate foi sugerido pelo coordenador da comissão, deputado Bruno Ganem (Pode-SP). 

O parlamentar e outros integrantes da comissão questionaram se o sistema de degelo poderia ter sido desligado sozinho sem que o piloto quisesse. Marcelo Moreno afirmou que, neste momento, não é possível precisar se houve falha no sistema de degelo.

“O que nós temos hoje no back up protegido, que é o gravador caixa-preta de voz, é somente a informação de quando aquele botão de liga ou desliga foi ligado como on e off. Hoje não conseguimos dizer se foi o próprio piloto que ligou ou desligou ou se foi um problema mecânico”, explicou. 

O brigadeiro afirmou que essa informação ainda vai ser buscada nos chips dos computadores do avião e junto aos fabricantes. “Neste momento, ainda muito preliminar, não podemos afirmar se houve falha do sistema”, afirmou, acrescentando que não há certeza de que esses dados estarão disponíveis nos computadores. 

Questionado por Ganem, coronel Marcelo informou que existem aeronaves mais modernas em que o sistema de degelo é acionado automaticamente.

Síntese do relatório

O coronel aviador Carlos Henrique Baldin, também do Cenipa, destacou que o órgão está apenas no início das investigações e apresentou a síntese dos trabalhos até o momento à comissão.

Ele explicou que o piloto da Voepass solicitou permissão para se preparar para aterrissagem pela 1ª vez às 13h18, mas um voo em rota convergente, em uma altitude menor, impediu a autorização.

Às 13h20, o piloto recebeu a informação de que a aproximação seria autorizada em 2 minutos, novamente por causa de uma aeronave em rota convergente. Entretanto, 1 minuto depois da comunicação, às 13h21, o avião começou a cair, sem que a tripulação tivesse declarado emergência. 

Fonte: Agência Câmara de Notícias