RIO Esta terça-feira foi dia de zerar estoques em casas de câmbio. Isso porque a cotação do dólar acompanhou a tendência do mercado global ao operar em queda depois do adeus do Reino Unido à comunidade europeia, em um dia de correção de preços e expectativa sobre possível ação conjunta de bancos centrais para fortalecer o sistema financeiro. A divisa americana aprofundou a baixa em razão da promessa do presidente do Banco Central brasileiro, Ilan Goldfajn, de levar a inflação para o centro da meta em 2017. Na mínima, atingiu R$ 3,304, menor valor em 11 meses.
Nesse sentido, subiu também o movimento nas agências compra e venda de divisas, que negociavam, entre as 14h e as 15h desta terça-feira, a moeda americana de R$ 3,45 a R$ 3,58. O euro, em meio à separação de um de seus principais membros, registrou valores entre R$ 3,50 a R$ 3,95. Já a libra esterlina, combalida pela reação do mercado à vitória do sim no referendo de saída do espaço comum europeu, teve um de seus melhores momentos de procura no Brasil desde a eclosão da crise econômica nacional: era cotada, perto das 16h30, de R$ 4,73 a R$ 4,88 nas casas de câmbio.
A menor cotação entre as empresas contatas por O GLOBO era da DG, que negociava o dólar às 15h30m a R$ 3,45, já com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,1% embutido, no dinheiro em espécie ou via transferência bancária. No cartão pré-pago, mediante a taxa de 6,38%, o dólar saía a R$ 3,66. Desde março, a empresa comemora o aumento dos pedidos no que considera um reflexo das oscilações do mercado e das expectativas quanto ao processo de impeachment começado naquele momento.
No estabelecimento, com os encargos incluídos, o euro custava R$ 3,83 no papel-moeda e R$ 4,06 no plástico. O dia ainda sigificou para a DG um aumento da procura por libra esterlina, a moeda britânica, que custava R$ 4,77 no papel e R$ 5,02 no cartão (IOF incluso nos dois casos).
DÓLAR ESGOTADO
Às 14h, a Western Union já condicionava as transações à venda casada: é que o estoque de moeda americana da agência havia acabado tamanha a procura por divisas nesta terça-feira. Segundo a empresa, os clientes aproveitaram a queda da cotação com medo de uma reascensão nos próximos dias. Um funcionário da casa informou que não vê procura parecida desde que entrou na loja, há três anos. Naquele momento, a venda saía a R$ 3,50 e a compra a R$ 3,15 no dinheiro, já com IOF. No cartão pré-pago, um instrumento que a casa de câmbio diz não trabalhar tanto desde a fixação da taxa em 6,38%, a divisa era vendida a R$ 3,72. A moeda europeia era negociada a R$ 3,80 no plástico e a R$ 3, 53 no papel-moeda, informou a empresa, enquanto a libra esterlina saía a R$ 4,73 em espécie e a R$ 4,90 no pré-pago os melhores valores para a moeda britância encontrados pela reportagem.
Já nas agências de câmbio do banco Itaú Unibanco, por volta das 14h30, negociavam o dólar em espécie a R$ 3,50. No pré-pago, o valor era de R$ R$ 3,68, com IOF. O banco permite ainda transferir a moeda estrangeira para uma conta no exterior, mediante a cotação de R$ 3,46. Quem quisesse engordar a reserva de euros, por sua vez, deveria desembolsar R$ 3,87 pela nota e R$ 4,07 pelo crédito no cartão. Para fazer remessas Brasil afora, pagaria R$ 3,82. A instituição, ao contrário dos demais centros, não notou uma significativa mudança na procura das divisas no dia: considerou um movimento natural para dias de mercado em queda.
A casa de câmbio Cotação vendia o dólar a R$ 3,58 no meio da tarde. Em caso de aporte no plástico, cobrava R$ 3,73 valores já acrescidos do imposto devido. O preço mais caro não evitou que a clientela fizesse fila para as operações de divisa. Uma procura muito grande, classificou a empresa. O euro, naquele loja, era negociado a R$ 3,95 em espécie e a R$ 4,13 no cartão pré-pago.
Depois da notícia de que o Reino Unido não mais faria parte da União Europeia, segundo a agência, os clientes passaram a contatar o estabelecimento para garantir a maior parte dos valores que precisavam, por exemplo, para as viagens marcadas ao exterior. O momento registra a melhor procura pela moeda da Rainha desde a eleição de 2014, quando a Cotação percebeu a instalação de uma crise econômica no país.
(*Estagiária sob supervisão de Lucas Moretzsohn)