SÃO PAULO. O ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, não pegou propina da Petrobras apenas para abastecer o caixa do partido. Segundo investigações da Lava-Jato, entre 2005 e 2010 o operador Alexandre Romano, ex-vereador petista, recebeu R$ 1 milhão em propina do Consórcio Novo Cenpes, responsável pela obra do centro de pesquisa da Petrobras, e repassou a Ferreira por meio de contratos simulados e depósitos feitos a parentes dele, blog com matérias que eram favoráveis a ele e até mesmo uma escola de samba. No total, a obra da Petrobras pagou R$ 36 milhões em propinas.
Segundo Romano, foram feitos depósitos à ONG Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga, uma escola de samba, e à Viviane Rodrigues, madrinha de bateria da agremiação. Foram identificados quatro pagamentos à escola de samba, no total de R$ 45 mil – um cheque de R$ 20 mil e cinco cheques de R$ 5 mil.
Viviane recebeu por meio de transferências entre 2010 e 2012. Ao todo foram 18 transferências, no total de R$ 61.700 – 16 de R$ 3.500, uma de R$ 4.200 e uma de R$ 1.500.
No processo, foram anexadas notas publicadas na internet, que citam homenagens à Paulo Ferreira pelo aniversário de 53 anos e sua posse como deputado federal pelo PT. “Paulo Ferreira é uma figura muito querida junto a Estado Maior da Restinga, sempre auxiliando e apoiando a escola de samba da nossa comunidade, bicampeã do Carnaval de Porto Alegre (2011/2012). E por este motivo a escola não poderia deixar de estar presente nesta festa, levando parte de seus integrantes para fazer um grande show para animar o aniversariante e seus convidados”, diz uma nota, que afirma que ele ajuda a comunidade e conta com o apoio de seus integrantes.
Ferreira teve prisão decretada na Operação Custo Brasil, que envolveu pagamentos de propina relacionados ao Ministério do Planejamento. Na Operação Abismo, realizada nesta segunda-feira pela Polícia Federal , ele teve prisão preventiva decretada pela segunda vez. Ele está preso em São Paulo desde 24 de junho.