DENUNCIE

Delegacia da Mulher já fez 500 atendimentos no primeiro trimestre

De acordo com a delegada da Mulher de Cascavel, Raísa Vargas Scariot, destas 500 mulheres cerca de 400 delas pediram medida protetiva

Patrulha Maria da Penha
De acordo com a delegada da Mulher de Cascavel, Raísa Vargas Scariot, destas 500 mulheres cerca de 400 delas pediram medida protetiva. Foto: Arquivo Secom

Cascavel – O aumento de casos de agressão contra a mulher e de feminicídios em todo o país tem “alarmado” os setores de segurança pública que desencadearam uma série de ações e de campanhas visando conscientizar às mulheres quanto a importância de denunciar as agressões e, em casos mais extremos, solicitar a medida protetiva contra o “companheiro”. Em Cascavel, a Delegacia da Mulher registrou um total de 500 atendimentos a mulheres que procuraram a delegacia por casos envolvendo a violência doméstica neste primeiro trimestre de 2024.

De acordo com a delegada da Mulher de Cascavel, Raísa Vargas Scariot, destas 500 mulheres cerca de 400 delas pediram medida protetiva, prevista na “Lei Maria da Penha”, com o propósito de assegurar que toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, idade, religião ou nível educacional, tenha direito a uma vida sem violência, com a preservação de sua saúde física, mental e patrimonial, ou seja, coibir e prevenir a violência doméstica e familiar.

Mesmo assim, os casos de agressões continuam acontecendo rotineiramente. Na manhã de ontem (23), um homem foi preso ao tentar dar uma facada na sua ex-mulher. Felizmente, ela conseguiu fugir e acionou a Patrulha Maria da Penha. Na sequência o agressor que já usava tornozeleira eletrônica, foi localizado e levado à Delegacia Cidadã. No último fim de semana, um caso bastante grave chamou a atenção quando o marido tentou enforcar a esposa e ainda queimar os filhos. Ele foi preso pela Patrulha Maria da Penha e acusado de tentativa de feminicídio.

A delegada lembrou ainda que neste ano já tem um caso de feminicídio registrado, ocorrido no dia 1º de abril, no Bairro Interlagos. O acusado era marido da vítima de 46 anos e já tinha passagem pela polícia por violência doméstica.  A mulher tinha medida contra ele, porém, o casal reatou o relacionamento e apenas dois dias depois, a mulher foi morta pelo companheiro que continua foragido.

No ano passado, foram registrados três casos de feminicídio em Cascavel; em 2022 foram quatro casos.

Mais denúncias

Conforme a delegada, para os casos em que o homem é enquadrado por lesão corporal, a pena pode chegar a quatro anos de prisão, mas nos casos de feminicídio, a pena sobe para 20 anos de prisão. “A gente observa que as mulheres cada vez mais estão denunciando as agressões contra os seus companheiros, sendo que antigamente era bem comum que a mulher procurava a delegacia relatava que ela já sofria agressões há mais de 10 anos”, descreveu Scariot.

Segundo ela, atualmente as mulheres tem melhor acesso à informação e logo nas primeiras agressões já procuram a delegacia, que está de portas abertas para fazer os atendimentos a cada uma delas. “Mesmo que esteja numa situação mais grave, que ela não tenha nem como voltar para casa, ela ainda pode ser encaminhada ao abrigo de mulheres e ela pode ser encaminhada ao abrigo com os seus dependentes”, relatou a delegada.

Outro serviço disponibilizado é a mulher ser acompanhada por meio da Patrulha Maria da Penha que é da Guarda Municipal, que faz o acompanhamento das vítimas com medida protetiva e agora também existe uma equipe da Polícia Militar que também está realizando este acompanhamento, então nós tivemos um reforço nessa área da segurança pública.

Mulher Segura

A delegada Raísa Scariot lembrou que, neste mês de abril, o Governo do Paraná lançou uma nova campanha chamada “Mulher Segura”. A operação contará com apoio de outras áreas do governo estadual e vai atuar em quatro frentes para garantir a segurança das mulheres: palestras, reforço do cumprimento de mandados judiciais em aberto contra os agressores, visitas às vítimas e aos agressores para acompanhamento das ocorrências, além de monitoramento de quem já é acusado ou condenado por violência contra a mulher.

As ações iniciaram nesta segunda-feira (22) e seguem até setembro, sendo que as palestras serão feitas por policiais e outros profissionais, abordando temas como prevenção de crimes, enfrentamento da violência doméstica, empoderamento, autodefesa, entre outros. Haverá também palestras ao público geral sobre a conscientização de combate à violência contra a mulher.  

Já os cumprimentos de mandados de violência doméstica em aberto serão reforçados pela Polícia Civil, comandadas pelas Delegacias da Mulher, com o apoio da Polícia Militar, incluindo as patrulhas Maria da Penha e Rural. A Operação Mulher Segura vai atuar em conjunto com o Comitê Interinstitucional de Enfrentamento às Violências contra as Mulheres do Paraná.