BRASÍLIA – Para tentar diluir o peso da influência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no candidato do centrão os líderes das legendas que compõe o bloco decidiram, em almoço nesta segunda-feira, descartar um movimento de retirada das demais candidaturas do bloco e manter apenas uma candidatura única do centrão, a do líder do PSD, Rogério Rosso (DF). Para eles, esta será uma eleição com dois turnos e a ideia é centrar a maioria dos votos em Rosso levando sua candidatura para o segundo turno e lá garantir o apoio da base aliada de Temer.
? Como que a gente fala para alguém da nossa base tirar a candidatura? Toda candidatura é legítima. cabe a cada candidato avaliar sua densidade. Nos segundo turno, nos juntamos todos e vamos ganhar. Alguém terá que ter mais votos ? afirmou o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), acrescentando:
? Isso é mais uma prova de que não é verdadeira a tese de que o Centrão teria uma candidatura única.
Além de Rosso, o centrão tem outros deputados na disputa, como Beto Mansur (PRB-SP), primeiro secretário da Mesa Diretora, e Fernando Giacobo (PR-PR), segundo vice-presidente. Também registraram oficialmente suas candidaturas deputados de partidos ligados ao bloco, como o corregedor Manato (SD-ES) e Carlos Gaguin (PTN-TO).
? Os partidos ditos do centro estão lançando candidatura. Aquele que tiver 70, 80 votos, tem chance de ir para o segundo turno. É isso que tem estimulado as candidaturas. Não vou pedir que ninguém retire seu nome, não tenho como fazer isso ? afirmou Rosso.
Para o líder do PTB, o presidente interino Michel Temer não deve interferir na disputa da Câmara, pelo menos no primeiro turno, quando vários candidatos de sua base estarão disputando:
? Ele pode entrar no segundo turno, se tiver um candidato que for adversário dele.
APOIO DO PT
Outra estratégia do centrão é continuar batendo na tecla e colar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao PT. Há em curso conversas entre a antiga oposição, que tem entre seus candidatos Rodrigo Maia, e líderes da nova oposição para apoiar um candidato que fizesse frente ao candidato do centrão. Maia avançou nas conversas com integrantes da nova oposição e teria conseguido até mesmo o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O próprio Rosso, ao encontrar com os petistas José Guimarães (CE) e Carlos Zarattini (SP) e a líder da minoria Jandira Feghali (PC do B-RJ) nos corredores da Casa, provocou:
? Me explica essa aliança de vocês com o DEM!
Guimarães disse que não tinha aliança com o DEM. A vinculação do DEM com o PT também incomoda o DEM. O líder, Pauderney Avelino (AM), disse que quem está conversando com os partidos são os candidatos. Pauderney esteve com Michel Temer para conversar sobre as candidaturas da base aliada, Segundo o líder, Temer disse que não tem preferência sobre nenhum dos candidatos por entender que isso poderia rachar a base aliada.
? Não tem isso do PT apoiando o DEM. Eu não conversei com ninguém. Quem está conversando é o candidato, é ele quem vai em busca de apoios, não o partido ? disse Pauderney
O deputado Orlando Silva (PC do B-SP) é um dos que defendem que a nova oposição, em vez de lançar uma candidatura apenas para marcar posição, apoie um nome que possa fazer frente à candidatura do Centrão.
? Sou contra qualquer candidatura que defenda a manutenção dos métodos do Eduardo Cunha, de desrespeito das minorias, onde só quem tem espaço são os amigos do rei. Rosso é o candidato do Cunha. Defendo uma candidatura que se viabilize e faça frente a isso, por isso sou a favor da aliança entre a oposição de ontem e de hoje, baseada no respeito à Casa. Uma candidatura apenas para marcar posição significa abrir mão da disputa e manter aqui os métodos do Cunha ? disse o deputado.