NICE, FRANÇA ? Horas após o ataque em Nice, autoridades locais começaram a questionar o que poderia ter sido feito para prevenir o atentado que mantou ao menos 84 pessoas durante a comemoração do feriado do Dia da Bastilha. Agora, as críticas, especialmente entre personalidades da oposição, atingem em cheio o governo francês.
Em entrevista a uma rádio local na manhã desta sexta-feira, o ex-primeiro-ministro Alian Juppé, pré-candidato de centro-direita para as eleições do ano que vem, levantou dúvidas sobre as medidas de prevenção ao terror no país.
? Se todas as medidas tivessem sido tomadas, a tragédia não teria ocorrido ? disse.
Juppé pediu ainda melhor coordenação das forças de inteligência francesas.
? Não quero acusar ninguém neste momento, naturalmente, mas nós precisamos saber de toda a verdade, de todos os seus detalhes ? declarou o ex-primeiro-ministro.
França decreta três dias de luto após ataque
Este mês, o inquérito de um parlamentar francês apontou que agências de inteligência falharam em várias ocasiões na coleta e compartilhamento de informações que poderiam ajudar a prevenir ataques na França, de janeiro a novembro de 2015. O relatório pediu a revisão da estrutura de inteligência no país. Georges Fenech, o parlamentar de centro-direita que presidiu o inquérito, publicou no Twitter que o ataque em Nice é uma ?tragédia previsível?.
Duas das medidas anunciadas pelo presidente François Hollande na manhã desta sexta-feira, estender o estado de emergência e manter tropas militares pelo país em alerta máximo, foram consideradas de uso limitado para evitar ataques.
O relatório, publicado na terça-feira, pedia a fusão entre múltiplas agências de inteligência e a criação de uma agência nacional antiterrorismo, como a americana fundada após o 11 de Setembro, em 2001. O governo, no entanto, descartou por enquanto estas propostas, argumentando que a mudança poderia ser prejudicial em um momento de alto nível de ameaça.
? Hoje, é um dever falar aos franceses que nosso país não está equipado contra o terrorismo islâmico ? disse Fenech ao um canal de TV francês.